Formada em Administração pela PUC-SP, com pós-graduação em Marketing pela ESPM, Beatriz Galloni possui mais de 30 anos de experiência, com passagens por importantes empresas como Mastercard, TetraPak, Unilever, Quaker e Danone. Tanto conhecimento e sucesso permitiram que desenvolvesse o gosto pelo empreendedorismo e pela liderança feminina, valores de defende e pratica por onde passa.
Integrante do Hall da Fama da Abramark, Beatriz é Diretora do Banco Safra, responsável pelas áreas de Marketing e ESG, e respondeu às nossas cinco perguntas dessa semana.
Abramark – Você é reconhecida como uma excelente líder, e como tal, tem defendido e valorizado o crescimento das lideranças femininas nas empresas. Como acha que temos avançado nesse sentido?
BG – Vejo uma grande evolução nos últimos anos, com as mulheres crescendo e assumindo posições antes apenas masculinas, com muita competência. Só que para isso, elas têm que se provar muito mais, trabalham muito mais, e ainda têm a 2ª jornada, que é cuidar da casa e dos filhos. Então não é tão simples como parece. Mas muitas executivas que eu conheço estão felizes de terem chegado onde chegaram, e melhor, estão engajadas em ajudar outras mulheres a crescerem. Um exemplo disso é o movimento “Uma Sobe e Puxa a Outra”.
Mesmo nos dias de hoje, ainda existe muito machismo nas organizações, homens que não aceitam serem liderados por mulheres, assédio moral ou brincadeiras sem graça quando uma mulher fica grávida ou decide se casar. Isso gera insegurança e até percepção de que não dá para conciliar ser mãe e profissional, o que não é verdade. Segundo estudo do IBGE, apenas 37% dos cargos gerenciais são ocupados por mulheres e elas recebem cerca de 77% dos rendimentos dos homens. Isso não por serem contratadas com salários menores, mas por depois não terem os mesmos méritos e promoções durante o crescimento na carreira. Outro estudo, este da Deloitte, feito em 2021, base 165 empresas brasileiras, mostra que mulheres são apenas 1,2% das posições de CEOs e 7,3% de CFOs. Em marketing e recursos humanos é um pouco mais comum a presença de mulheres, mas nas áreas financeiras, engenharia, no agro e na tecnologia é bem raro termos líderes mulheres.
Para diminuirmos estas diferenças, nós líderes mulheres e homens devemos brigar pela igualdade, combater o preconceito, e recomendar mais mulheres para cargos de liderança. As áreas de recrutamento e seleção das empresas e os headhunters também podem ajudar nesta batalha. A conscientização da liderança, sobre a importância e o valor da diversidade também é uma iniciativa fundamental para mudar este quadro.
Abramark – Ainda nessa mesma esteira, como tem sido estar à frente do Marketing e da área de ESG do Banco Safra? A visão de “juntar” os dois departamentos ajuda na entrega de ações mais eficazes e autênticas, que todos os stakeholders possam perceber, reputar e valorizar?
BG – Olha, o desafio de assumir a área de ESG é muito prazeroso, pois me obrigou a sair da minha área de conforto que é o marketing, voltar a estudar e me desafiar. A integração com marketing, eu diria, que acontece muito mais na geração de ideias e soluções, na disseminação interna dos conceitos de sustentabilidade para toda a organização, do que no marketing de ESG para fora. Não queremos fazer greenwashing, e só divulgamos aquilo que de fato estamos fazendo. ESG é uma jornada que está apenas começando, mas que só vai acontecer de verdade se toda a organização estiver engajada, atuante e convencida do valor do ESG para o negócio e para a sociedade.
Abramark – Atuando em empresas do setor financeiro há quase duas décadas, como você avalia o atual conflito entre fintechs e bancos? Dá para criarmos um modelo onde possamos usufruir do melhor que cada negócio tem a oferecer ao mercado e aos cidadãos brasileiros, indistintamente?
BG – Eu acredito que concorrência, de uma forma geral, e principalmente, de empresas challengers, no caso as fintechs, é fundamental para que as empresas mais tradicionais inovem, se mexam e criem novos modelos de negócios, novos produtos e soluções. A integração dos dois mundos também é muito importante, pois através das parcerias com fintechs ou startups de tecnologia surgem inovações e melhorias para o cliente final. Isso funciona em qualquer indústria, e não apenas na indústria financeira.
Abramark – Sabemos que, quando pode, auxilia seu marido na condução do tradicional Restaurante Mezzogiorno. Pode nos contar um pouco sobre essa experiência diferenciada em relação à atuação sempre em grandes empresas? O negócio de alimentação é, sem dúvida, um dos mais desafiadores e competitivos da Capital Paulista…
BG – Confesso que eu nasci mais para trabalhar numa grande organização do que ser uma empreendedora. Gosto de ter muita gente a minha volta, desafios complexos e aprender muito. O restaurante pra mim é a oportunidade de dar palpites, sugestões de cardápios, ideias para comunicação, mas não me vejo gerenciando um restaurante pessoalmente.
Tocar um restaurante é um grande desafio, principalmente no Brasil, com os aumentos de custos dos insumos versus a queda do poder aquisitivo dos clientes, as questões tributárias, trabalhistas etc. É desafiador. Você precisa entender de finanças, de gestão, de RH, de compras, de negociação, de eficiência, de experiência do cliente, de marketing e, por fim, de fazer uma comida boa num local agradável e com bom serviço. Sinto um baita respeito pelo meu marido e por todos os empreendedores do segmento que são verdadeiros heróis. E nestes 2 anos de pandemia, manter o restaurante funcionando, migrando do físico para o delivery, sem demitir nenhum funcionário, com zero de lucratividade e não desistir, não foi fácil. Mas felizmente conseguimos passar por tudo, e agora voltamos a crescer e estamos recuperando o tempo perdido. Que a boa massa e o serviço acolhedor continuem trazendo clientes para o Mezzogiorno!
Abramark – Que conselhos ou dicas deixa para os estudantes e novos profissionais de marketing que desejam prosperar, crescer no mercado e deixar um legado?
BG – Acredito que o segredo do sucesso em qualquer carreira depende de querer, de ter garra, se esforçar, estudar, aprender com quem já sabe. Nada se consegue sem esforço, independentemente de você trabalhar numa organização ou se quiser empreender. É importante entender que o crescimento não é linear. As vezes a gente tem que dar um passo para o lado ou até para trás para aprender algo e depois chegar aonde pretende. Observar, aprender com os erros e acertos dos outros e se aproximar de pessoas que te inspiram, e se possível, convencê-los a te dar mentoria. Outro fator importante é o networking. Isso deve rolar a vida inteira, te ajuda a conseguir o primeiro emprego, a mudar de emprego, a avaliar oportunidades. Coloque na sua agenda um tempo para se dedicar ao networking, seja dentro ou fora do local onde você trabalha.
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