“Sinto que provar o meu nome, era provar a qualidade no que eu fazia”, diz Mari Mats

Artista fala como construiu seu nome na arte com a dificuldade de ter crescido com poucas referências de mulheres

Por Patrícia Mamede

Diferente da maioria dos artistas, Mariana Mats nem sempre soube que o caminho da arte era o único possível. Apesar de descobrir, desde cedo, que tinha uma facilidade com o desenho, a artista só começou a pensar que gostaria de viver de arte na adolescência, quando se mudou para o centro de São Paulo e onde teve contato, pela primeira vez, com o Graffiti, “foi assim que eu comecei a cutucar umas ideias”.

  

No entanto, mesmo não tendo carregado a certeza de que gostaria de trabalhar com arte desde criança, Mari conta que em alguns trabalhos que realizou, quando ficava ociosa, começava a rabiscar páginas vazias. E assim suas ideias começaram a saltar do caderno para o mundo, criando sua primeira intervenção urbana com o lambe-lambe, já que ainda não tinha domínios de outras técnicas, como, por exemplo, o spray.

Mariana conta que construir um nome no meio do mundo da arte leva tempo, ainda mais para as artistas mulheres, “temos sempre que estar nos provando de alguma maneira. Sinto que provar o meu nome, era provar a qualidade no que eu fazia”. Assim, Mari busca sempre desenvolver seus trabalhos com maestria e diz que quer ser reconhecida por isso, da mesma forma que reconhece tantos outros grafiteiros, homens e mulheres, por essa mesma característica. Apesar de já ter trabalhado com grandes marcas como, Veloe, Smart Fit, JanSport, Bonafont entre outras, a artista também comenta sobre a disparidade na oferta de trabalhos entre homens e mulheres, sendo os homens sempre a primeira opção para realizar projetos.

“Temos que brigar pelo nosso espaço, tem que se impor e eu nunca vou deixar de me impor. Muitas mulheres mais jovens que vieram depois de mim falam que, em algum momento, eu fui uma referência para elas. Fico muito feliz porque, na época que eu comecei a pintar, eu tinha poucas referências de mulheres […] Mas o mais legal é que as mulheres que eu admirava, hoje são minhas amigas”.

Os trabalhos de Mari são, geralmente, muito divertidos, com tons neons vivos, que chamam a atenção do observador justamente pela escolha de cores fortes, mas também pelos elementos que utiliza, que podem confundir o público, capturando sua atenção fazendo-os olhar uma segunda vez. Hoje, a artista encontrou sua personagem, mas diz que demorou muito tempo para aceitar o que fazia.


Obra disponível em www.dionisioatelie.com.br

Seus primeiros desenhos não tinham rostos, “não sei explicar por que não tinha rosto. Era o que estava saindo ali. Para mim a arte é essa expressão natural que sai da nossa cabeça”. Pensando nisso, a arte tem um sentido de máxima liberdade para a artista, fazendo da tela um espaço em que seu subconsciente pode circular sem medo, lhe mostrando o que deseja. Porém, mesmo valorizando e priorizando essa liberdade, Mariana continua se alimentando de referências, garantindo um crescimento contínuo nas suas entregas, “estou sempre tentando trazer uma evolução para o meu trabalho. Acho que você nunca vai me ver parada na minha identidade. Estou sempre tentando trazer algo novo nos meus personagens”.

“Como uma boa aquariana”, as figuras presentes em sua arte expressam sua curiosidade sobre o que existe para além do que conseguimos ver. Com a proposta de fazer da arte uma ferramenta de transporte rumo ao desconhecido, Mats acredita que os resultados dos trabalhos de todo artista são o reflexo de quem são.

Agora, diferente do desenho, a música é algo que esteve presente na vida de Mariana desde sempre, “talvez, por isso, ser DJ fosse uma consequência que em algum momento poderia vir a acontecer. Ainda mais porque sou muito conectada ao universo da noite e da festa”. Mats diz que as duas atividades, pintar e tocar, são complementares uma à outra, pois ambas são ferramentas que ela utiliza para se expressar. Além disso, uma está sempre ao lado da outra, já que para pintar a artista está sempre acompanhada de uma boa música.

Ter a possibilidade de trabalhar com duas coisas que ama, traz uma certa angústia à Mariana, “eu até sofro às vezes, porque penso que as pessoas deveriam fazer o que elas amam. Não tem coisa melhor do que você fazer o que você gosta”, por isso decidiu virar DJ e ir, também, para o mundo da música, “eu amo tocar e ganho dinheiro com isso também. Então pensei que vou fazer quantas coisas eu tiver que fazer”, sustenta Mari.

No entanto, a artista diz que nem sempre se sente disposta a criar e reconhece que é importante respeitar seus limites e não forçar suas criações. Pensando nisso, ela diz que sua DOSE DE ARTE diária é estar viva, fazendo da arte o melhor caminho rumo à liberdade.

Se você quiser se divertir e mergulhar nas obras de Mari Mats, clique aqui. E, fiquem ligados, que mês que vem voltamos com mais um artista para você conhecer mais da sua caminhada.

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