5 perguntas para Juliano Marchesine, CEO da Backstage
- Sua formação é em Economia, uma área aparentemente distante do marketing digital. Como esse conhecimento se tornou sua maior vantagem competitiva?
A Economia me ensinou a enxergar o mundo através de dados, causalidade e incentivos. No marketing, isso se traduz em uma obsessão por resultados mensuráveis e sustentáveis, não por vaidade. Enquanto muitos no setor correm atrás de ‘virais’ e tendências, nós na Backstage aplicamos uma lógica econômica: otimizamos recursos (tempo e conteúdo) para maximizar um retorno claro, que é a geração de negócios e autoridade. Meu olhar não é de um creator, mas de um estrategista que vê a presença digital como um ativo que se valoriza com o tempo, exigindo análise constante e ajustes precisos.
- A Backstage nasceu da percepção de que grandes líderes não tinham presença digital. Como você converte a expertise complexa dessas pessoas em uma comunicação autêntica e eficaz?
O processo é uma curadoria profunda. Primeiro, fazemos uma imersão para entender a essência do pensamento e da trajetória do líder. Depois, usamos uma combinação de curadoria com produtores de conteúdo especializados e IA para dar forma e escala a esse conhecimento. O teste ácido é o ‘teste cego’: se o próprio cliente não consegue distinguir o conteúdo que veio dele do que foi estruturalmente produzido, significa que capturamos sua voz autêntica. Não criamos personagens; otimizamos a transmissão de uma autoridade que já existe.
- Você critica as “métricas de vaidade”. Então, quais são os KPIs (Indicadores-Chave de Desempenho) que realmente importam quando se constrói autoridade digital para um CEO?
Resposta: Curtidas e seguidores são apenas ruídos. Nosso foco está em métricas de conversão de rede em valor real. Monitoramos rigorosamente: a qualidade e o cargo das conexões estabelecidas no LinkedIn, o número de mensagens diretas com propostas concretas (de investimento, parceria, contratação), menções em veículos de imprensa de credibilidade e, o mais importante, os negócios fechados ou mudanças de cargos significativas, que são rastreáveis até uma interação inicial no digital. Um perfil é um ativo que deve ter um ROI claro.
- A Backstage cresceu sem investimento inicial. Por que essa escolha e como o pragmatismo econômico moldou a cultura da empresa?
A decisão foi consciente. O fundraising muitas vezes impõe prazos e prioridades que podem desviar o foco do cliente para o foco no investidor. Ao nos financiarmos com nosso próprio fluxo, somos incentivados a ter um modelo de negócios extremamente eficiente e com valor percebido imediato para o cliente. Todo gasto é questionado: Por que isso gera valor direto para nosso cliente final?’ Esse rigor é um reflexo direto da minha formação e nos mantém ágeis e centrados.
- Você vê o futuro na “segmentação extrema” e na humanização das marcas através de seus líderes. Como uma grande corporação tradicional, com medo de riscos, pode começar essa transformação?
Começando de dentro para fora e em pequena escala. Em vez de lançar o CEO diretamente, identificamos especialistas com autoridade implícita dentro da empresa, como por exemplo, um head de inovação, uma engenheira sênior, um líder de sustentabilidade. Construímos a autoridade digital deles em nichos específicos. Isso é menos arriscado, gera credibilidade orgânica e cria um ‘portfólio de vozes’ que, no conjunto, humaniza a marca. É uma estratégia modular, baseada em pilotos com KPIs claros, que reduz o medo e demonstra o valor com fatos antes de um compromisso maior.









