Um dos criativos mais premiados da última década, Guilherme Jahara tem passagens marcantes por muitas das mais importantes agências do Brasil, como F/Nazca Saatchi & Saatchi, AlmapBBDO, Publicis Brasil, DM9DDB, Leo Burnett Tailor Made, F.biz e SunsetDDB.
Com mais de 25 anos de carreira e 43 leões em Cannes, Jahara, integrante do Hall da Fama da Abramark, encarou, em 2020, o desafio de abrir sua própria agência, “um modelo”, como diz: a Dark Kitchen Creatives. E os resultados parecem estar sendo bastante positivos.
Amante das artes plásticas e visuais, de viajar, de mergulhar e de basquete — sem esquecer de seu Fluminense —, Guilherme Jahara é o nosso convidado a responder às cinco perguntas dessa semana.
Abramark – Você diz que a Dark Kitchen Creatives não é uma agência ou um estúdio: é um modelo. Fale um pouco sobre o esse modelo e quais são seus diferenciais.
GJ – Sim, nós nos apresentamos assim. Somos uma agência em termos legais, claro. Mas nosso pensamento é diferente. E acreditamos que precisa ser.
Quando criamos a Dark Kitchen, o intuito foi olhar para nossas próprias experiências passadas em grandes agências, muitas delas multinacionais e excelentes, mas vê-las com olhar crítico e provocador para pensarmos o que não estava sendo oferecido, o que os clientes sempre esperavam e o que nós mesmos gostaríamos de fazer.
A partir disso, o modelo criado é de atender clientes em diferentes frentes, de acordo com suas necessidades e “jornadas” de momento de marca. Podemos atender clientes com modelo de fee fixo mensal e time alocado, mas também por projetos dos mais diversos tipos – de campanhas e posicionamento de marca a projetos que passam por planejamento estratégico, análise de dados e branding, por exemplo.
Foi por essa razão que criamos nosso próprio modelo de Design Sprint. Queremos ser um parceiro estratégico para os clientes, criar uma proximidade “real-oficial” dos sócios com eles, colocarmos ainda mais a mão na massa, tendo a entrega de “chef” de cozinha. O nome Dark Kitchen Creatives, por si só, tem esse pensamento: direto da nossa cozinha para o cliente.
Conectados a nós, trazemos especialistas de acordo com cada briefing e projeto, fazendo com que o cliente tenha profissionais com expertises específicas no que precisa. E essa prática tem trazido muito mais assertividade a cada job. Além disso, nosso modelo pretende trazer muito mais transparência ao processo, uma vez que especificamos escopos, equipes envolvidas e tipo de trabalho.
Abramark – 2022 foi um ano especial para a Dark Kitchen Criatives. Por favor, conte para nós um pouco sobre os resultados e conquistas alcançadas.
GJ – O ano de 2022 realmente foi muito especial. Completamos nosso 2º aniversário agora, em novembro último, tendo criado a DKC bem no meio da pandemia. 2021 foi o ano inicial de fato, começando ali a trabalhar com várias startups, além de grandes marcas como Unilever e Ambev.
Já 2022 foi o ano de muitas colheitas. Ganhamos prêmios relevantes, que apenas corroboram nossa qualidade de entrega, como Leão no Cannes Lions, Grand Prix no El Ojo de Iberoamérica e estrela no Festival do Clube de Criação, entre outros. Consolidamos ainda mais nosso modelo e fizemos projetos tanto para marcas iniciantes como para gigantes como Comfort, Hellmann’s e um trabalho global para Baby Dove.
Abramark – Como você avalia todo o ambiente de criatividade e inovação no Brasil de maneira geral? Sempre fomos muito bem percebidos nesse aspecto, mas precisávamos nos reinventar. Acha que temos conseguido?
GJ – No âmbito de agências, tenho visto cada vez mais disrupção no modelo tradicional, com o surgimento de diversas startups de serviço de publicidade, como a BPool (nossa parceira em vários projetos), e o surgimento de várias agências “boutique” com profissionais experientes oriundos, de agências multinacionais, enveredando para o empreendedorismo – como nós. Tenho visto também, cada vez mais, o surgimento de outros modelos: entregas específicas de estratégia, de posicionamento de marca, estúdios criativos e de design.
Os clientes têm uma enorme quantidade de possibilidades criativas e estratégicas, que saem bastante do universo da onipresença multinacional e das gigantes. E isso é muito saudável. Independência, autonomia e experiência de profissionais qualificados, a serviço – direto – de marcas, do marketing aos CEOs. Neste aspecto, especificamente do mercado brasileiro de publicidade, tenho visto, sim, uma boa dose de inovação. E entenda-se inovação para muito além da tecnologia.
Abramark – Sem falarmos de política, mas sobretudo sobre ânimo e perspectivas, como enxerga o novo governo e os rumos do Brasil no ambiente corporativo no ano que se inicia?
GJ – Enxergo muito mais apoio à cultura (ou uma retomada neste sentido), que deve impulsionar a nossa atividade também, por consequência. Também vejo com bons olhos a abertura e conexão maior com o mundo (ou, de novo, a retomada dessa conexão perdida), o que deve também trazer olhares mais próximos de investimentos. Se a economia estiver em equilíbrio, com responsabilidade fiscal além da social e ecológica, teremos um cenário bem favorável. Para mim, é ano de restabelecermos o caminho e crescimento.
Abramark – Que conselhos ou dicas deixa para estudantes e novos(as) profissionais de propaganda e marketing que desejam prosperar, crescer e deixar um legado?
GJ – Acho que primeiramente é: deixem um pouco as redes sociais e games e vivam para além deles. Observem comportamentos, estudem o que está acontecendo no mundo – do macro à nossa profissão e nosso mercado. Não deixem de ir a exposições de arte, cinema, baladas. Olhem as pessoas e entendam o mundo à sua volta. Depois, retomem as redes sociais e os games. E nos ensinem.
Vocês estão chegando com olhares frescos, com muito conhecimento sobre novas linguagens em redes sociais, em audiovisual e no universo dos games. E essa troca de experiências geracionais é absolutamente rica e próspera.
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