Mario D’Andrea: “Nada contra as dancinhas das redes sociais, mas quando todas as campanhas dançam iguais, a diferenciação morre. Investimento jogado fora”

Curioso e questionador, Mario D’Andrea conseguiu destaque na publicidade brasileira com muito trabalho e criatividade. Atual presidente da Abap (Associação Brasileira de Agências de Publicidade), sócio fundador da D’OM Soluções Improváveis e vice-presidente de conteúdo e integração da OpusMúltipla, D’Andrea trocou o jornalismo pela publicidade ainda na faculdade. E que escolha acertada!

Como diretor criativo, conquistou importantes reconhecimentos: 9 Profissionais do Ano da Rede Globo e 15 leões no Festival de Cannes. Atuou em agências como FCB, Loducca, Fischer e Lowe, chegando à presidência da JWThompson Brasil e da Dentsu/McgarryBowen no Brasil.

Ainda em agências, esteve diante da coordenação de comunicação do HSBC na América Latina por mais de 10 anos.

Com essas e muitas outras credenciais, Mario D’Andrea, integrante do Hall da Fama da Abramark, é o nosso convidado a responder as cinco perguntas dessa semana. Confira!

Abramark – A D’OM está quase completando seu primeiro ano de vida. Por favor, conte como tem sido essa experiência, e qual a receptividade tem encontrado para as “soluções improváveis”?

MD Muito boa. A proposta da D’OM em trazer ideias livres dos parâmetros de mídia, que conquistem a atenção das pessoas e dos consumidores, está sendo testada por algumas marcas, que se tornaram nossos clientes fixos ou mesmo através de projetos especiais.

Essa liberdade de pensamento, aliada à leveza e agilidade de uma estrutura 100% nacional, trazem um composto que interessa a um novo tipo de cliente, antenado com a rapidez de decisões que o mercado consumidor exige.

Abramark – Estamos com um novo governo em Brasília, muitas mudanças, possibilidades etc. Que leitura você faz desse momento para nosso mercado especificamente?

MD Este governo, historicamente, sempre se interessou muito pelo mundo da comunicação. Lembrando que foi neste governo que algumas das regras mais claras ao nosso segmento foram estabelecidas, como, por exemplo, a Lei 12.232, que adota as regras da autorregulamentação do mercado para as contas públicas.

Além disso, o profissionalismo do nosso mercado e o lado técnico de nossas agências deve ser priorizado por esse novo governo — como já havia feito lá atrás.

O mais importante, porém, a meu ver, é a geração de empregos. Sem consumidores, não há mercado. E não há plano social melhor do que o pleno emprego.

Abramark – Como foi o 2022 da Abap? Como a associação lidou com um período tão movimento, turbulento e incerto?

MD Sempre guiando os associados, promovendo debates e encontros entre as lideranças. E, principalmente, atuando firme em Brasília e na criação do novo Cenp para defesa dos interesses do segmento e do crescimento.

Abramark – Você acha que falta diferenciação, alma nas campanhas publicitárias ultimamente? Se sim, porque acha que isso aconteceu?

MD Sim, acho que temos que voltar à diferenciação. A adoção de caminhos prontos e já vistos e a cópia do que acontece nas redes sociais, não está sendo benéfica para a criatividade brasileira (que sempre fez o sucesso da nossa atividade dentro da cultura do nosso país e mesmo no exterior). Nada contra as dancinhas das redes sociais, mas quando todas as campanhas dançam iguais, a diferenciação morre. Investimento jogado fora.

Abramark – Que conselhos ou dicas deixa para estudantes e novos(as) profissionais de publicidade, comunicação e marketing que desejam prosperar, crescer e deixar um legado?

MD Primeiro: serem eternos curiosos sobre a alma humana. O consumidor, antes de tudo, é uma pessoa. Entender seus desejos, medos, anseios, sonhos, é fundamental para saber apresentar um produto para ele de forma eficiente e, mais que isso, apaixonante.

Segundo: falando em paixão, seja apaixonado por pessoas. Ande pela rua, observe, converse, ouça. A vida real ainda é a melhor biblioteca para se inspirar em grandes ações de comunicação e marketing.

Terceiro: nunca desista. Ter ideias é sempre mais fácil do que colocá-las de pé. Não desista da sua ideia no primeiro obstáculo. Você irá ouvir muitos “nãos”. Mas ao primeiro “sim”, o prazer irá compensar tudo.

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