*Por Rodrigo Vitor
“A tecnologia veio para ficar”, “os eventos híbridos e digitais são o futuro”, “as ativações de marca precisam ser digitais”. Essas afirmações têm se tornado comuns no mercado de eventos e live marketing. É fato que a tecnologia desempenha um papel crucial no cotidiano e na execução de funções essenciais para a sociedade. No setor de eventos, ela é uma aliada indispensável, desde o planejamento até a montagem de estruturas, otimizando processos e ampliando possibilidades. No entanto, será que a tecnologia é realmente o ponto central quando o objetivo é criar experiências memoráveis e marcantes para as pessoas?
Recentemente, participei de um painel no Hacktown, principal evento 100% brasileiro de tecnologia e inovação da América Latina, onde discutimos o papel da tecnologia e inovação no segmento de entretenimento. Durante a discussão, tive a oportunidade de compartilhar minha visão sobre o tema. Quando se fala em tecnologia e digitalização em eventos, o que frequentemente vem à mente são ativações que já se tornaram comuns, como totens interativos em estandes ou aplicativos para participantes. Embora esses elementos façam parte de uma boa execução, o ponto crucial é que eles não representam mais “inovação” devido ao seu uso constante e já esperado.
O orçamento frequentemente impõe limites à criatividade tecnológica no universo da produção de eventos. Muitas empresas buscam agências com o desejo de inovar tecnologicamente, seja por meio de recursos inéditos ou estruturas diferenciadas para seus estandes ou eventos. No entanto, geralmente, essas inovações acabam excedendo o orçamento disponível, pois recursos tecnológicos costumam ter um custo elevado.
Então onde podemos inovar se, muitas vezes, a tecnologia se mostra inviável financeiramente? A resposta está nos elementos mais simples da produção. Nosso principal produto são as experiências vivenciadas pelas pessoas que passam pelo estande ou participam do evento, e é nessas interações que devemos focar para buscar medidas que proporcionem maior conforto ao público.
Aspectos como organização no estacionamento, redução de filas, atendimento humanizado e limpeza geram uma repercussão positiva muito maior do que a presença de um totem, por exemplo. É essencial que nos atentemos ao básico antes de pensar em implementar tecnologias no evento. Pois, no fim do dia, o cliente valoriza muito mais uma entrega cuidadosa que gera comentários positivos, do que mais um artifício que prende a atenção do público por alguns instantes. A tecnologia é sempre bem-vinda, mas o básico bem-feito é indispensável.
Portanto, o verdadeiro desafio da inovação no mercado de eventos não está diretamente ligado à tecnologia, mas em como impactar positivamente o público de forma simples e atenciosa, garantindo uma experiência sem desconfortos. Se valorizarmos esses pontos cruciais, aí sim podemos pensar em aplicações tecnológicas.
*Rodrigo Vitor é CEO da Fito, agência de eventos e live marketing especializada no segmento MICE (Meetings, Incentives, Conferences, Exhibitions), que possui destaque com ações de brand experience.