Com mais de 30 anos de carreira, a empresária já encarou o machismo, atravessou a pandemia e hoje é referência em empreendedorismo: “É muito difícil ser mulher no mercado corporativo, mas quanto mais eu sou desafiada, mais me entrego. Me orgulho muito de ser a empreendedora que sou”.
Carioca de 50 anos, Fabiana Carvalho torna real lema da Walt Disney World – um de seus parceiros – e faz os sonhos de bailarinos de todo o país se tornarem realidade. Ano a ano, a empresária leva companhias de dança e intercambistas para viverem experiências imersivas na Disney e nas principais companhias de dança do mundo em programas como o “Degustação de Dança” e o “Magical Dance Tour”, além disso, desenvolveu o primeiro festival de dança em alto mar do Brasil, o “Magical Dance Cruise”. Em 2024, a empresária alça novos voos na produção de eventos e trará Ben Portsmouth, melhor “Elvis Presley Performer” do mundo, ao Brasil.
“Nesses mais de 30 anos, ver os olhos de cada intercambista ou bailarino brilhando quando chegam em um novo país ou quando entram no Disney Imagination Campus, é o que faz valer a pena. A cada mensagem falando que fizemos sonhos se tornarem realidade, que sou uma fada madrinha, me faz seguir em frente todos os dias”.
Primeiros passos do sucesso
Dançando desde a infância, o amor pela arte não foi algo novo para Fabiana, que chegou inclusive ao nível profissionalizante em uma das maiores escolas de dança do Rio de Janeiro. Entretanto, ao chegar no ensino médio, os pais optaram por não dar sequência e a paixão ficou guardada para florescer anos depois, de outra forma.
Fluente em 4 idiomas (alemão, inglês, espanhol e português), formou-se em Relações Internacionais, e na faculdade, deu os primeiros passos em direção ao turismo. Trabalhou no administrativo da universidade Estácio de Sá, e aos 21 anos assumiu a direção internacional e o turismo da universidade.
Segundo Fabiana, esse foi o primeiro degrau para perceber que poderia chegar onde quisesse. “No início da carreira, fui colocada em uma posição de liderança, sendo jovem e mulher, entre um grupo de pró-reitores e diretores todos homens. Foi uma das fases mais difíceis da minha vida, mas fui treinada pelo meu pai a jamais abaixar a cabeça. Aprendi a acreditar na minha verdade e encarar os desafios”.
A magia Disney
Os sonhos de infância da empresária vieram à tona quando o “Disney Performing Arts”, hoje “Disney Imagination Campus”, departamento artístico do Walt Disney World Resort que recebe bailarinos, atores e músicos do mundo todo, começou a buscar por um novo parceiro.
“Dei uma olhada no programa, peguei um avião e bati na porta deles para saber mais sobre o programa. Seis meses depois, estava levando o meu primeiro grupo de bailarinos para se apresentarem nos palcos Disney”, relembra sobre o momento em que a dança voltou à sua vida. A parceria perdura até hoje e em 2025, Fabiana levará mais sete grupos, dois em maio e 5 em outubro, pelo “Magical Dance Tour”, que também inclui apresentações dos bailarinos nos jogos do Orlando Magic, no NBA.
“Com isso, eu fiquei muito próxima às diretoras, que me pediram outros tipos de programas voltados para a parte técnica. Na sequência, vieram os festivais e foi assim que funcionou, foi assim que a dança se juntou à minha vida novamente”.
Os vilões do conto de fadas
Mesmo que a trajetória de Fabiana seja marcada por saltos de sucesso, o caminho não foi simples. Machismo, descrenças e até mesmo a pandemia foram obstáculos substanciais. “Começando pela relação com a Disney, foi um grande desafio fazer as pessoas acreditarem que o projeto era real, que eu realmente levaria bailarinos para dançar na Disney”, conta.
Sendo uma representante feminina do empreendedorismo, o machismo também tentou se colocar como um problema. “Desde o início da carreira, nunca deixou de acontecer, mas eu não deixo me intimidar, de forma alguma vai me fazer ser menos obstinada. É sobre mim, sobre o que eu faço, sobre o que eu quero ser e sobre o que eu atinjo e conquisto”.
Fabiana destaca o período da pandemia, além de um desafio por si só, como um dos momentos em que mais encarou o machismo. “Trabalhei em uma empresa majoritariamente de homens. Vindo da área do turismo, me arrisquei na área da saúde e conquistei reconhecimento com muito trabalho. Fui aprendendo, dominando o assunto, até chegar ao cargo mais alto nas operações de COVID no Rio de Janeiro”.
Pandemia versus turismo
Mesmo com o machismo e a descrença, para Fabiana, o maior desafio veio na pandemia, em 2020. “Vi minhas asas cortadas pela primeira vez e hoje reconheço que não poderia ser assim, com minha carreira e projetos sendo todos internacionais”. Graças a reservas de emergência, a empresária manteve o Grupo Qualité aberto, mas o segredo foi expandir horizontes para novas áreas.
“Procurei me ver em outros setores, e como a área da saúde é a que mais estava precisando, fui. Tivemos uma ação muito bem sucedida com o Porto do Rio de Janeiro”. A ligação com o porto abriu novos caminhos e então nasceu o Magical Dance Cruise, primeiro festival de dança em alto mar, a bordo de navios MSC. “Ali eu vi que era o momento de abrir as portas novamente e fazer o que faço de melhor na minha vida e desenvolver também projetos nacionais, pois não sabemos o que o futuro nos reserva”.
Realizações e próximos passos
Perdendo as contas sobre quantos empregos já foram gerados pelo grupo, além dos mais de 3 mil bailarinos e intercambistas que já viajaram pelos programas Qualité, Fabiana afirma que milhares de vidas já foram transformadas. E muito mais ainda está por vir.
“Em 2024, estamos produzindo a turnê do Ben Portsmouth, melhor Elvis Presley Performer do mundo, pelo Brasil. Além disso, estamos lançando o Magical Dance Tour 2025, porque o deste ano já está esgotado. Temos o Degustação de Dança na Califórnia e Nova York, estou envolvida com dez projetos diferentes”, conta.
Além dos projetos mencionados, também virá a segunda edição do sucesso Magical Dance Cruise e mais três eventos temáticos em navios. Para dar conta de tudo o que está por vir, a empresária destaca a importância de uma equipe qualificada. “Sou a idealizadora, mas nada seria possível sem uma equipe que embarca nas minhas ideias, sem o time Qualité.”
E sobre o segredo do sucesso, trabalho duro. “Tudo isso tem sido fruto de muito trabalho. Não foi sorte, foi merecimento. Desde os meus 17 anos, não me lembro de não trabalhar. E claro, educação! Estudem, porque o que me construiu foi a educação e a cultura proporcionada pelos meus pais”.