Sotaq e a influência do Hip Hop em seu trabalho

Artista fala sobre a influência da cultura Hip Hop em sua pesquisa e trabalho

 

Por Patrícia Mamede

 

O artista visual e ilustrador brasileiro, Ricardo Sotaq, sempre se afeiçoou pelo desenho, e sua forte intimidade com a arte foi estabelecida ainda pequeno. Ricardo, mais conhecido como Sotaq, conta que, desde a infância, professores de sua escola e seus pais tinham o costume de elogiar seus rabiscos. Entre os elogios, professoras lhe pediam para reproduzir alguns desenhos dos livros didáticos na lousa. Mas, se antes o desenho era uma atividade exclusivamente prazerosa, aos cinco anos, a arte se tornou uma necessidade em sua vida. 

 

A ideia de seu nome artístico, “Sotaq”, surgiu quando começou a fazer graffiti e estava em busca de um codinome. Aos cinco anos, uma deficiência auditiva que lhe acometeu e a suspeita dos médicos é que a audição de Ricardo foi afetada através de um episódio de catapora, cuja algumas das células no em seu ouvido não foram capazes de se regenerar, “eu tenho, mais ou menos, cinquenta por cento da audição”, desde então. O apelido Sotaq nasceu da particularidade de sua fala, afetada pelo ocorrido, “ele surgiu da minha fala mesmo. Dessa fala que é meio puxada devido a minha deficiência auditiva. E a galera está sempre perguntando, da onde que é esse sotaque, daí eu peguei essa palavra para mim e deixei com o ‘q’ mudo, como uma forma de encurtar, de ficar com cinco letras, para facilitar na hora de fazer a assinatura e também ficar uma palavra mais autêntica”. 

 

 

O artista conta que a deficiência lhe causava certa insegurança e a arte foi uma maneira de conseguir se comunicar e se expressar de outra forma, através da imagem, assim mergulhou em seu próprio universo de desenhos. Sotaq sempre gostou da ilustração, e este gosto o levou até o graffiti. Aos onze anos,  através dos Rap’s, o artista chegou até a cultura Hip Hop e nasceu junto uma vontade de fazer parte deste outro mundo. 

 

Aos poucos, começou a se inspirar no graffiti que observava na cidade e nas revistas, e já em 2005 sua arte passou dos papeis para as ruas, “de lá pra cá, estou em busca da evolução, da identidade, do estilo, do meu espaço”. Hoje, Sotaq trabalha exclusivamente com arte e conta que a maior parte de seus clientes são empresas, “mas o mais rentável financeiramente são os murais”. 

 

Sua história no graffiti começou com o famoso lettering – arte que tem como principal característica o desenho de letra -, “mas, aos poucos, comecei a adicionar os personagens e deixei as letras em segundo plano”. Atualmente, a maioria de seus trabalhos são inspirados na cultura Hip Hop, abordando o cotidiano, a vestimenta, os costumes e a atmosfera desta. 

 

 

Através da simples representação, o trabalho de Sotaq se estende enquanto a afirmação de uma existência de uma cultura, “junto com o Hip Hop vem também as outras pautas, como as questões raciais” e tudo o que gira em torno dela. Em  2008, após três anos inserido no mundo do graffiti, Sotaq se aproximou de alguns artistas do Davila, um coletivo sem vínculo político que une diversos artistas com o objetivo de disseminar a cultura do Hip Hop pelas ruas e para as pessoas, e em 2016 o artista recebeu um convite oficial dos integrantes do grupo para se juntar ao coletivo. 

 

O Hip Hop é uma cultura popular que surgiu nos subúrbios da cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos, na década de 1970. Os principais elementos que fazem parte dessa cultura são o Rap, Dj, Breaking e o Graffiti. A cidade de São Paulo foi o berço da cultura Hip Hop no Brasil e é a cidade que mais concentra adeptos à cultura. Sotaq encontrou no coletivo um lugar onde poderia ser quem é, “a minha fonte de inspiração é a cultura Hip Hop”, conta. 

 

 

“O Hip Hop influenciou a minha vida, tanto pessoal quanto profissional. Mudou o meu jeito de andar, falar, me vestir e me posicionar. […] Através do Hip Hop eu tive acesso à arte”. 

 

Ricardo Sotaq nasceu em São Paulo, em 28/01/1988. Se quiser saber mais sobre o artista e seu trabalho, clique aqui e conheça suas obras. 

 

Créditos fotografias: Larissa Mazza e Ricardo Sotaq

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