Milton Mira de Assumpção: “Acredito que nos próximos anos vai haver um crescimento gradativo do e-book, mas o livro físico continuará sendo a principal ferramenta de leitura”.

Vindo da área contábil/financeira, Milton Mira de Assumpção Filho ingressou no mercado editorial em 1973, como controller da McGraw-Hill do Brasil. 27 anos depois, e após uma muito bem-sucedida carreira, abriu sua própria editora, a M.Books, inicialmente especializada em obras nas áreas de Marketing, Recursos Humanos, Interesse Geral e Série Parenting – livros que tratam da criação e do relacionamento entre pais e filhos.

Acumulando lançamentos de sucesso e prestígio no setor livreiro nacional, desenvolveu uma linha editorial com foco em Marketing, publicando autores que se tornaram ícones no mercado brasileiro como: Al Ries, Jack Trout, Stan Rapp, Philip Kotler, David F. D’Alessandro, Francisco Alberto Madia de Souza, Marcelo Cherto, Abaetê de Azevedo, Ricardo Pomeranz, João De Simoni, Eduardo Souza Aranha, dentre outros.

Ganhador de diversos prêmios especializados, Milton Mira foi agraciado com oito Prêmios Jabuti; com o Prêmio HQMix, graças à publicação do bestseller “Desvendando Quadrinhos”; além de ter sido reconhecido nacionalmente pela publicação dos livros “O Fim dos Empregos”, “O Século da Biotecnologia” e “A Economia do Hidrogênio”, todos do economista e pensador Jeremy Rifkin.

Com esses destaques e muito mais, Milton Mira de Assumpção tornou-se um Acadêmico da Abramark, e até por isso é o convidado desta semana a responder às nossas cinco perguntas. Confira!

Abramark Como foi 2022 para o mercado editorial, de maneira geral, e para a M.Books, especificamente? As quebras das grandes livrarias físicas — e o surgimento ou expansão de outras — influenciam muito? Ou o e-commerce ajuda a compensar eventuais perdas?

MMA O ano de 2022 foi muito bom para o mercado editorial como um todo. Com exceções de algumas áreas especificas, houve um crescimento real em valores e unidades de aproximadamente 10%. A quebra das grandes livrarias Saraiva e Cultura, ocorreu em 2019 e causaram uma grande perda financeira nas “contas a receber” e em livros em consignação que não foram devolvidos. Em 2020, com o surgimento da pandemia e o fechamento de todas as livrarias, as pessoas em isolamento social passaram a utilizar o e-commerce para adquirir os livros. A partir deste momento a Amazon e alguns sites de e-commerce assumiram papel fundamental na comercialização dos livros físicos. Uma outra empresa, a Bookwire, comercializando livros no formato e-book, desempenhou também papel importante no crescimento das vendas. Em 2022, com o retorno do hábito da leitura, o mercado editorial cresceu apoiado pela estabilização da economia.

Abramark – Pesquisas especializadas indicam que o Brasil tem perdido leitores ano após ano. Você acha que é possível reverter isso? Se sim, de que forma?

MMA De 2020 para cá acredito que tenha havido uma recuperação no hábito de leitura. No entanto, acredito que, as novas gerações, que, em nenhum momento, foram estimuladas a ler, tenham causado os resultados das pesquisas. Para reverter é preciso estimular o hábito, através dos pais e dos professores. Há alguns anos, nas áreas universitárias havia uma política educacional de livros adotados e indicados. Isto obrigava e estimulava os estudantes universitários a ler. Já há mais de 10 anos não se adota ou indica livros nos cursos superiores, buscam o conhecimento na Internet. Esta faixa etária dificilmente vai adquirir o hábito da leitura de livros.

Abramark – Na contrapartida do perguntado acima, a venda de livros digitais tem crescido. E, com a pandemia, os números parecem ter avançado ainda mais. Você acha que o futuro do mercado editorial e literário está prioritariamente no livro digital? Ou haverá sempre espaço para obras físicas e digitais, que serão consumidas de formas equivalentes?

MMA Neste momento o livro digital, e-book, tem ainda um peso menor no mercado editorial. O livro impresso ainda representa 90%. Acredito que nos próximos anos vai haver um crescimento gradativo do e-book, mas o livro físico continuará sendo a principal ferramenta de leitura.

Abramark – Você se tornou uma autoridade em vinhos. Tem feito sucesso com seus livros — já são três. Vem mais por aí? — e nas redes sociais com conteúdos específicos e dicas. De onde veio essa paixão?

MMA Minha paixão pelo vinho vem do meu pai, filho de português, tinha o costume de beber um copo de vinho todos os dias. Os livros vieram por acaso. Há 10 anos sempre que ia para a Feira do Livro de Frankfurt aproveitava a viagem à Europa para passear pela França, Itália e Portugal visitando vinícolas e fazendo enoturismo. No início comecei a escrever um blog descrevendo as viagens, as visitas às vinícolas, contando histórias dos locais. Depois de um tempo percebi que tinha escrito cerca de 30 posts no blog, 30 regiões vinícolas descritas, ou seja conteúdo para um livro. Tive o trabalho de revisar todos os textos e adaptar a linguagem utilizada nos blogs para a linguagem de livro. Publiquei o livro, em forma de Guia de Viagem, meio temeroso, excesso de autocrítica do editor. Fui surpreendido. O primeiro livro “Viagens, Vinhos, História” tem sido um sucesso. Foi indicado para o Prêmio Jabuti e para um prêmio da China. Com isto resolvi produzir o segundo Guia de Viagens. A partir de 2018, comecei a visitar novas regiões vinícolas que não estavam no primeiro livro. O livro “Viagens, Vinhos, História – Vol.II” foi publicado em maio de 2021. Durante a pandemia, em isolamento social, escrevi o terceiro livro, um guia prático sobre uvas e vinhos, que publiquei em novembro de 2022. Os três livros são em cores e com muitas fotografias e ilustrações, e têm sido bem-sucedidos. Utilizo bastante o Instagram, onde há centenas de pessoas amantes do vinho interagindo. Os livros vendem também muito bem nas livrarias. Já estou, sim, pensando em um novo tema para publicar.

Abramark – Que conselhos ou dicas deixa para estudantes e novos(as) profissionais de comunicação e marketing que desejam prosperar, crescer e deixar um legado?

MMA Conhecimento é o diferencial competitivo mais importante. Eu recomendaria que buscassem conhecimentos através dos livros, dos textos de autores consagrados, em Blogs e canais do YouTube de profissionais de reconhecido saber. É importante também estar atento às informações que circulam, e filtrar e armazenar somente aquelas que interessam ao nosso conhecimento. É preciso estar aberto a receber sugestões e recomendações. Marketing é uma paixão.

 

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