Pioneira do marketing digital no Brasil e referência no assunto, Ana Maria Nubié foi sócia fundadora e Vice-Presidente de Atendimento e Novos Negócios da AgênciaClick, acumulando realizações e cases de sucesso durante décadas.
Sempre com o olhar voltado para inovação e utilização de novas tecnologias para as marcas, atua também no conselho consultivo de diversas empresas.
Hoje desempenhando a função de CGO da Figtree & Co, Nubié respondeu cinco perguntas da Abramark com foco ao avanço do digital no Brasil e sua importância vital para as empresas e consumidores.
Abramark – A pandemia agilizou processos de digitalização de empresas e profissionais: quem ainda estava resistente, teve que se converter ou ficar fora do jogo definitivamente. Como uma das pioneiras do digital no Brasil, como você enxergou esse fenômeno nos últimos 2 anos?
AMN – Eu entendo que a digitalização já está presente na vida das empresas e das pessoas há muito tempo. Afinal, no ano que vem, faremos 27 anos de internet comercial no Brasil. Porém, entendo que digitalização é diferente de adoção das melhores práticas. Ainda vejo empresas e profissionais despreparados para um contexto mais complexo do uso do digital.
Um exemplo muito claro para mim são as questões de acessibilidade para pessoas com terceira idade. É possível notar, que pessoas com idade superior a 50 anos, que constituem um mercado consumidor imenso, muitas vezes têm uma enorme dificuldade com tecnologia. E não vejo ações práticas para facilitar o acesso dessa população aos canais digitais das marcas e empresas.
Outro exemplo são as pessoas com dificuldades de alfabetização. Poderíamos estar usando ferramentas de voz com muito mais amplitude para incluí-las. E não vejo isso acontecendo.
Então, acredito que para estar “realmente” digitalizado, executivos e empresas precisam explorar mais a empatia e os reais benefícios que essa digitalização trará para os seus clientes. Olhando tudo de um ponto de vista do consumidor e não apenas empresa.
Abramark – Em alguns momentos, os usuários de internet veem-se cercados por campanhas de remarketing “insistentes” e outras práticas discutíveis. Em sua opinião, e ainda na esteira de tantas novidades e possibilidades para uma eventual substituição dos cookies na web, o que poderá ser feito para melhorar a percepção geral sem comprometer as entregas e eficácia da publicidade no ambiente digital?
AMN – A eficácia da publicidade tem, já há muito tempo, muito menos a ver com a mera entrega de um anúncio, mas sim com a relevância que essa mensagem tem para a vida dos consumidores potenciais.
É necessário, para ganhar esse jogo, criar-se uma estratégia que entregue verdadeiro valor para os consumidores alinhada com as necessidades e os desejos das suas vidas.
Criação de conteúdo engajador, uma estratégia de serviços bem executada e campanhas personalizadas para diferentes jornadas de interesse, fazem parte do pensamento que tenho sobre o que pode trazer eficiência para o desempenho de uma estratégia de marketing.
Abramark – Temas como o metaverso e experiências cada vez mais imersivas tomaram a cena da inovação no marketing, merecendo atenção e foco de diferentes players. Mas ainda são poucas as ações que geram receita consistente. Você acha que isso deve acontecer em médio prazo ou será algo que deve demandar mais “paciência”?
AMN – Não creio que seja possível prever prazos para uma adoção mais ampla de ações relacionadas ao metaverso no dia a dia das experiências de marketing.
Sabemos que há uma grande limitação por conta da velocidade disponível para acesso à internet e também pelo preço dos equipamentos necessários para se viver esse tipo de experiência.
Existe, entretanto, muita coisa já acontecendo no universo dos games. Então, acredito que as ações mais relevantes no curto prazo, acontecerão primeiramente nessas plataformas, que também já possuem uma grande audiência. E, gradualmente, haverá uma ampliação para outras plataformas.
Há também a necessidade de se entender o que significa conceito de “imersivo” para cada pessoa. Pois uma experiência imersiva numa plataforma de games será muito diferente daquela a ser vivida numa plataforma de serviços bancários ou de varejo.
Abramark – Fale um pouco sobre sua atuação na Figtree & CO e os mais recentes Jobs da empresa.
AMN – Sou Chief Growth Officer da Figtree. Minhas responsabilidades envolvem novos negócios e relacionamento com clientes. Atendemos clientes como Bradesco, Awake, Fundação Bradesco, Lote 5, entre outros. Somos uma empresa de comunicação, inovação e desenho de novas jornadas para o consumidor.
No Bradesco respondemos, em conjunto com o time do cliente, pelo desenvolvimento da Bia (a inteligência artificial do banco). Somos responsáveis pela comunicação da Fundação Bradesco, por todo o posicionamento de marca e comunicação da Awake, e estamos desenvolvendo projetos de lançamentos imobiliários para a Lote 5. Conquistamos duas contas recentemente, sobre as quais ainda não podemos falar, mas que ampliarão nossa atuação no segmento de serviços e de seguros.
Abramark – Deixe um recado para os profissionais e estudantes de marketing e comunicação que veem nas múltiplas possibilidades do ambiente do digital a perspectiva de novos e melhores negócios.
AMN – Sem dúvida ainda há muito espaço para se explorar em termos de desenvolvimento de negócios no ambiente digital. É preciso entender, porém, que esta não é uma estrada simples de ser trilhada. Envolve muito planejamento, tanto de negócios como de processos e, também, um forte entendimento das reais necessidades do consumidor.
De maneira resumida, digo que não é porque você tem interesse num assunto, que ele necessariamente será relevante para o seu cliente.
Portanto, antes de mergulhar num novo negócio é preciso realmente compreender o consumidor, estudar o mercado e planejar os recursos, sejam humanos, de plataforma, de comunicação e de capital, necessários à implementação da ideia. Só assim é possível ter sucesso nesse universo.
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