Publicitário reconhecido por décadas de criatividade, inovação e resultados em muitas das mais importantes agências do Brasil, Paschoal Fabra Neto é conhecedor de arte, comportamento do consumidor e tecnologia.
Tanta bagagem e sucesso permitiram que liderasse sua agência, F&Q Brasil, parte do M&C Saatchi Group, ao lado de Fernando Quinteiro, sempre com destaque . Uma carreira coroada por mais de 500 prêmios nacionais e internacionais, entre as passagens por JWT Brasil e NY, Talent, Y&R, DPZ, Fischer America, Newcomm-Bates etc.
Membro do Hall da Fama da Abramark, Fabra respondeu gentilmente às nossas cinco perguntas:
Abramark – Você viveu nos chamados “anos de ouro” da propaganda e, hoje, continua liderando uma agência importante, à frente das áreas de criação e inovação. De que forma acha que sua bagagem tem auxiliado para o enfrentamento dos desafios da atualidade?
PFN – Eu falo sempre para a minha equipe que o mais importante de tudo, é a ideia. Hoje, ela pode se comportar de formas diferentes nos vários meios e pontos de contato do consumidor.
A geração de hoje recebe muita informação, são antenados, e com minha experiência de criativo e que trabalha com tecnologia, acredito que ajude a minha equipe a ter a ideia como melhor forma de atingir e impactar o consumidor.
Mas sinto falta desta nova geração ter mais conhecimento sobre as grandes ideias do passado, que colocaram a propaganda brasileira como uma das mais criativas do mundo. Olhar o passado é tão bom quanto visitar um museu, serve como cultura e provoca você a fazer melhor hoje, seja em qual meio for.
Abramark – Quais são as contas atendidas pela F&Q hoje? Conte para nós sobre os principais desafios dos clientes, de maneira geral, nesse momento em que todos procuram recuperar as perdas da pandemia.
PFN – Hoje atendemos: Bradesco, Sem Parar, Italac, Poliedro, e Complexo Tatuapé, entre outras. Segmentos bem distintos. E, na pandemia, cada um deles enfrentou um desafio diferente. Aí que a criação e o planejamento se aproximaram ainda mais dos clientes para minimizar perdas e traçar estratégias para ser sempre a melhor opção na hora de cumprir as necessidades dos clientes de nossos clientes.
Abramark – Alguns publicitários apontam que a propaganda já foi mais criativa, mais vistosa e lúdica, alegando que as coisas parecem “mais beges” nos últimos anos. Você concorda com isso?
PFN – O mundo mudou. O Digital trouxe outra maneira de se pens, mas a boa ideia continua a mesma!
Diversidade entrou na propaganda forte e mudou para melhor muita coisa. “Beges?”. Sei, não… Eu diria que falta mais os “50 tons de cinza” na propaganda atual. Mais irreverência, mais humor, não o humor gratuito, o que foi bom no passado não necessariamente é bom hoje. Não vemos mais comerciais de cerveja com mulheres de biquíni ou piadinhas machistas. Agora os criativos tem que ser criativos dentro desse novo momento. O consumidor não dá mais risadas de coisas que antes achavam engraçado.
Abramark – A agenda ESG tomou conta da cena corporativa. Mas ainda parece muito mais no discurso do que na ação, na prática, de fato. O que você acha que falta para conseguirmos avançar nesse sentido?
PFN – Educação. As empresas vão praticar ESG de fato quando o consumidor entender que isso é primordial para o planeta, para o futuro dos filhos. E isso só vai acontecer se o Brasil colocar investimentos na educação de nossas crianças e jovens. Só assim teremos pessoas constestadoras e engajadas. Hoje o ESG tem grande presença nas mídias sociais, que são um grande alerta para várias marcas que ainda não o levam a sério. O cancelamento é uma verdade. Mas ainda sem uma causa que mexa em ponteiros de venda. O dia que mexer, quem tem o ESG como propósito vai sair na frente.
Abramark – Que conselhos ou dicas deixa para os estudantes e novos profissionais de propaganda para que prosperem nesse universo em frequente transformação?
PFN – Estudem, informem-se. Vejam mais exposições, visitem mais museus, mais coisas novas, games… Mesmo aquelas que você nem tem intimidade sobre. Vejam anuários. Mas não se esqueçam que o que está nos anuários já foi feito. Saiam um pouco do smartphone. Toda bolha é fechada e não deixa as ideias saírem. Nossa profissão é mágica, é divertida, é disruptiva.
Bote tesão na parada!
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