Volney Faustini: “por favor, não persiga seus sonhos! O sonâmbulo sempre sai perdendo”

Futurista Social, professor, palestrante e autor, Volney Faustini é Administrador de Empresas e pioneiro do Telemarketing no Brasil.

São de sua autoria, livros como “A Arte do Telemarketing” (1992) – Editora Boas Notícias, e “A Inovação Vencedora do Varejo” (1999) publicado pelo SINCODIVE, entre outras obras.

Com forte atuação associativa, foi Presidente da ABT – Associação Brasileira de Telesserviços e Vice-Presidente da Abemd – Associação Brasileira de Marketing de Dados.

Atualmente é diretor da FIT – Faustini, Inovação e Tecnologia uma prestadora de serviços voltada à transformação do ambiente empresarial. Atento ao futuro do trabalho, desenvolveu o programa Disrupção de Carreira – A Maratona: uma proposta que reúne reflexão e estratégia para o indivíduo construir o seu futuro considerando os diferentes desafios e oportunidades que se apresentam no contexto atual.

Integrante do Hall da Fama do marketing brasileiro, Volney Faustini é o convidado desta semana a responder às nossas cinco perguntas.

Abramark – Conte para nós sobre o “Disrupção de Carreira”. O que é e como funciona?

VF – O trabalho, como conhecemos, está desaparecendo rapidamente. A realidade é dura e injusta. Estabilidade, profissão promissora, empresa sólida – pode levar para o Museu. Essas situações descrevem o passado e não o futuro.

E aqui um alerta. O futuro na Economia Digital será sombrio para quem não souber surfar nas ondas das grandes transformações. Inovação, Inteligência Artificial e 8 bilhões de pessoas conectadas – são algumas das ondas desse grande tsunami a invadir o ambiente de trabalho.

O programa Disrupção de Carreira é uma resposta oportuna – e em tempo – para que o profissional se antecipe a esse Inverno. Eu sempre digo, a pegada principal está em você. A solução para as crises futuras está na sua iniciativa de reinvenção pessoal – se preparando para o novo mundo, com novas bases, novas demandas. Isso vai exigir, é claro, uma evolução nas atuais e novas competências. Porém, o fator chave é se lançar na construção de um futuro melhor para si. Se você não fizer, vai ficar para trás.

As vezes achamos que essa frase: Não se pode prever o futuro, mas futuros podem ser inventados, seria da lavra de Peter Drucker. Mas seu autor é Dennis Gabor, prêmio Nobel de Física e inventor da holografia. Mas está valendo seguir sua orientação, a de você construir o seu futuro.

Abramark – O que mudou no trabalho e no emprego, na sua opinião, para que seja necessária a disrupção ampla e irrestrita em nossas carreiras?

VF – A sua pergunta é mais que pertinente. Sim, a disrupção de carreira deve ser ampla e irrestrita. Uma reinvenção pessoal vai ter que ser profunda e revolucionária.

Estamos diante de uma grande quebra de paradigma, com diferentes dimensões. O Trabalho como conhecemos está moribundo. Não estou falando da cena do Charlie Chaplin entrando nas engrenagens. A morte do trabalho, vai acabar com o registro em carteira, o “das 8h às 18h”, o escritório único, o chefe idiota e o chefe legal, o empregador exclusivo.

O relógio de ouro pelos seus 40 anos de dedicação … Esquece! Não existe mais.

Agora cito algumas das facetas que se relacionam à profissão, igualmente em respirador artificial (com todo o respeito por tomar emprestado da medicina): formação superior, se apresenta com obsolescência precoce e desvalorização do diploma; trabalho baseado em horas, desconectado da efetividade e do que se demanda; experiência prévia, desprezada pelo excesso de ênfase em relação ao novo; associação de classe, ameaçada pela liberdade e inovação. E assim vai.

Abramark – Muito se fala sobre liderança nos dias de hoje. De alguma forma, todos os profissionais querem desenvolver essa habilidade. Mas ser um(a) bom(oa) líder é para todos(as)? Existem outros aspectos e habilidades pessoais que podem ser utilizadas nesse ambiente corporativo cada vez mais horizontalizado que vivenciamos?

VF – Hoje o líder tem tripla dimensão. A primeira é que o novo líder tem que ser generalista. Conhecer o todo, ter uma visão sistêmica da realidade que o cerca – tanto no sentido empresarial, econômico, político e até de mundo. Sem perder o domínio e a maestria em algumas das suas especializações prévias. Ele deve carregar isso sempre consigo e usar como reputação pessoal, porém sempre se reinventando.

A segunda dimensão está no foco em pessoas. Tem que ser um jogador de time, entender o que é colaboração, como funciona a generosidade que gera generosidade, olhar para o mundo da abundância e não da escassez. Tem que atuar de forma verdadeira e não fingida, mostrar de forma espontânea de que deseja o melhor para os outros. Para sua equipe, seus parceiros, e suas conexões.

E a terceira que é essencial para esses novos tempos, uma sensibilidade aguda de futuros (no plural mesmo). Não se trata de ser um futurista. Mas na sua área de atuação, no seu segmento, e pela responsabilidade com sua equipe, o líder deve estar muito ligado aos diferentes cenários que podem transformar o seu ecossistema. Ele tem que ser guardião da sua equipe, e acompanhar o pulsar das mudanças, oportunidades e ameaças.

Abramark – Vivemos dias de forte polarização político-ideológica. De alguma forma, até empresas e equipes ou departamentos acabaram se desgastando internamente por conta de discussões ásperas. Você acompanhou isso em alguma das empresas/organizações que atende? Acha que poderíamos tomar medidas para que o contraditório fosse aceito de forma mais natural e respeitosa? O brasileiro, de maneira geral, está apto para fazê-lo de uma forma mais civilizada e produtiva?

VF – Eu creio que isso seja um fenômeno mundial, tipo sinal dos tempos, mesmo. Uma neura que invadiu as diferentes culturas – talvez como componente das mudanças externas que afetam até mesmo o sentido existencial do indivíduo.

Vejo que a raiz está no social, nas atitudes do indivíduo para com o outro, seu próximo. Toda a pluralidade, abertura e liberdade que conquistamos, demanda em cada um de nós, doses cavalares de Inteligência Emocional. O desafio posto é recuperarmos a boa vontade, compreensão mútua, empatia, paciência e resgate da civilidade.

Com franqueza, será que não falta bom-tom, boa educação? Onde está a polidez? E digo isso de forma geral, para todos os lados e para todas as cores do idealismo e das crenças pessoais. O ativismo político gera um fanatismo irracional – e beira a loucura. Não é que o sujeito tem uma ideologia, é a ideologia que o possui.

O bem comum é meio e fim. Como sociedade civilizada, nunca fomos de reagir de maneira impulsiva. Isso era visto como sinal de descontrole. Precisamos retomar as bases da maturidade. Voltemo-nos às virtudes cardeais: sabedoria, temperança, coragem e justiça. Se acompanhado de canja de galinha, melhor ainda!

Abramark – Que conselhos ou dicas deixa para estudantes e novos(as) profissionais de comunicação e marketing que desejam prosperar, crescer e deixar um legado?

VF – Eu diria antes mais nada, por favor, não persiga seus sonhos! O sonâmbulo sempre sai perdendo.

Cuidado, muito cuidado ao projetar para si, um estereótipo de profissão e ocupação. O que se vê em filmes, em reportagens. A verdade do mundo corporativo não é glamorosa. Não se iluda. Nenhuma – repito – nenhuma função ou especialização se sustentará de forma estável nos próximos 4 a 5 anos. Tem que cair na real. Pesquise, leia, ouça as histórias e dramas do mundo corporativo.

O que eu recomendo, de forma propositiva é o olhar quadridimensional do IKIGAI. É o conceito japonês do sentido da vida. São quatro círculos. O que se ama fazer, o que se faz bem, o que se faz por dinheiro e o que o mundo precisa. Ao aproximar esses círculos entre si, criamos em seu centro convergente, o Ikigai. Nele você vai encontrar equilíbrio para uma vida pessoal e profissional. E um antídoto para a montanha russa que a profissão escolhida sempre traz a reboque.

O legal do Ikigai é que se junta tudo: paixão, dedicação, utilidade e valor para a sociedade.

#Abramark, #Marketing, #Carreira, #Inovação

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