Entrevista exclusiva com a artista Clara Leff

Abramark se juntou a DionisioAG, um hub de inovação artística, a fim de lançar uma nova coluna no portal, com conteúdo mensal e exclusivo. A proposta consiste em trazer entrevistas com diversos artistas que passaram pela história da Dionisio, com o objetivo de apresentá-los aos leitores, incentivar a arte e apresentar novos artistas às pessoas. Para a inauguração do conteúdo, a Dionisio entrou em contato com a artista Clara Leff para uma entrevista. Confira o conteúdo abaixo!

‘’A arte para mim é tudo o que eu respiro, eu não seria nada sem ela’’, diz ilustradora em entrevista à DionisioAG/Abramark

Em uma entrevista exclusiva para a Dionisio/Abramark, Clara Leff, artista de 27 anos, discorre sobre os simbolismos presentes em sua arte, seus processos criativos, os desafios de manter uma renda estável e muito mais.

Por Patrícia Mamede

Clara Leff entrou para o mundo da arte desde muito nova. Com treze, quatorze anos, já fazia ilustrações, e conta que sempre teve o apoio de seus pais para seguir neste ramo. Atualmente, Leff vive unicamente de sua arte, ‘’tive o privilégio de sair da escola e já ir para esse lado da arte. Nunca trabalhei com nenhuma outra coisa’’. Suas obras são marcadas pela tinta spray, a coloração azul e variados personagens.

Leff diz que o azul turquesa é uma cor que lhe remete à transformação, além de ser sua cor preferida desde pequena, ‘’nas primeiras vezes que eu fui pintar na rua, não tinha como comprar várias latas de spray. Me lembro que meu pai me deixou escolher duas ou três cores, e escolhi todas azuis turquesa’’. A artista discorre sobre seu fascínio pelo impacto da cor, pois seu contraste dá à sua arte uma sensação de quebra, ‘’por mais que eu faça realismo, essa cor traz uma sensação surrealista, algo meio mágico’’. Por vezes, seu público é impactado, em primeira instância, pela coloração da tela, antes mesmo dos próprios elementos contidos na obra.

Além da forte presença de tons azulados, Clara também reproduz outros elementos característicos, como por exemplo, a água e os animais. Ela conta sobre a influência que seu padrasto, que é mergulhador, teve em sua vida, e revela que, inclusive, seu sobrenome ‘’Leff’’ vem dele. Quando pequena, via as fotos de seu padrasto mergulhando e ouvia suas histórias, ‘’isso sempre mexeu muito comigo’’, daí surge sua tamanha apreciação pelo elemento água.

Ademais, Leff faz referência ao elemento e sua ligação à mulher e seus ciclos menstruais e lunares, ‘’para mim, é algo que não temos como fugir, é um retorno ao nosso início’’. A natureza e os animais a encanta, e a aproxima de si mesma e de seu lado intuitivo, ‘’algo que fomos perdendo ao longo dessa coisa toda de internet e modernidade’’, pontua.

A artista elabora um pouco sobre seu processo criativo. Seu primeiro passo é tirar uma foto que usará como referência, geralmente sua irmã costuma ser sua modelo, ou ela própria. Leff diz ter preferência em usar as próprias fotografias como referência, pois assim tem o controle da luminosidade, sobreposição da imagem e até mesmo da expressão da personagem, que acredita alterar muito o sentido da obra. Em seguida, com as fotos prontas, começa a criar a arte por cima.

Para além da arte plástica, Clara conta que também é ferozmente atraída pela escrita, escreve mais do que pinta, ‘’tudo o que me vem, eu acabo escrevendo, e quando estou sem ideia, retomo as escritas e vou estudando’’. Ela defende a ideia de efemeridade, conta que mudou muito ao longo dos anos, e acredita que suas produções são uma mensagem para si mesma no futuro, ‘’não entendo qual o objetivo de um projeto naquele momento e, depois de muitos meses, volto naquela mesma produção, e ela elucida alguma questão para mim’’.

Mas viver de arte não deve ser uma visão estritamente romântica. Leff defende que o artista precisa adotar uma visão empreendedora para conseguir sobreviver de seu trabalho. Ela dá algumas dicas de como fazer isso, por exemplo, investir em posts no Instagram, gerar conteúdos, ir a exposições, fazer networking, agir ativamente. ‘’Comecei a ganhar uma renda mais fixa de uns quatro anos para cá, é uma batalha, exige muito planejamento, os meses alteram muito, então você precisa se organizar’’.

Trabalhar na área comercial também pode gerar algumas complicações na hora de passar o briefing para o artista, ‘’muitas vezes tem tanta gente envolvida, cada um com um desejo particular, e a ida e volta de layout acaba prejudicando bastante o nosso trabalho’’. Por isso, Clara diz que é importante que o cliente afunile o briefing desde o princípio, trazendo exemplos de referências do que ele deseja.

No entanto, Leff diz gostar de realizar trabalhos na área comercial, pois traz desafios para sua arte e a estimula a ter uma postura mais flexível. Mas também cuida para que ela não se torne uma ‘’impressora humana’’, sendo, atualmente, mais seletiva quanto aos temas e à coloração na hora de aceitar trabalhos.

Em um desses desafios, Clara guarda com carinho um de seus projetos mais importantes, uma empena que pintou na COHAB Ermelino Matarazzo, São Paulo – SP, à convite do MAR (Museu de Arte de Rua de São Paulo). A arte deveria ser uma homenagem a Lygia Fagundes Telles, mas a escritora veio a falecer semanas antes da arte ficar pronta, ‘’me marcou muito porque, na pintura, senti que Lygia ficou com uma aura que parecia realmente que ela não estava mais aqui. Foi sem querer, não sei se foi a luz da foto que eu selecionei. Tenho um carinho especial por este trabalho’’.

Créditos: Eduardo lupianez

Créditos: Eduardo lupianez

Trabalhar com a arte urbana é, em si, algo muito sublime para a artista. Poder levar uma dose de arte para o cotidiano das pessoas passa a ser transformador no dia a dia, ‘’principalmente dentro da cidade em que vivemos, com essa rotina estressante para todos’’. Clara se alegra em poder estampar a cidade com artes que as pessoas podem apreciar no meio dos infinitos carros, ‘’aquilo te leva para outro lugar’’.

Leff conta que se sente muito grata em poder trabalhar com o coração, tendo a oportunidade de fazer algo que realmente lhe representa, ‘’é algo realmente muito gratificante’’.

Para conhecer melhor o trabalho da artista, clique aqui. E, se quiser conferir alguns trabalhos que Clara realizou em parceria com a artista, viaje pelo nosso site. E fique de olho nas próximas entrevistas.

*Créditos: Larissa Mazza

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