Com Mestrado em Gestão Empresarial, Pós-Graduação em Administração de Empresas, Especialização em Marketing, e Administração Pública, José Roberto Müssnich tem feito história no varejo nacional e internacional. Após passagens importantes por empresas de consultoria e uma carreira acadêmica consistente no Rio Grande do Sul, ingressou primeiro como consultor, amparando a reestruturação, e depois tornou-se CEO do Atacadão.
Com a comercialização do Atacadão para Grupo Carrefour, em 2007, permaneceu no cargo por quase 15 anos, onde liderou, inclusive, o processo de internacionalização da marca. Com a atuação de destaque, e operações em países como Argentina, Colômbia e Marrocos, conquistou o status de grande especialista e referência “tipo exportação” do modelo de atacarejo implementado no Brasil.
Atuando hoje como consultor e integrante de conselhos de administração, inclusive em um grupo detentor de franquias do Grupo Carrefour no Marrocos, Müssnich, reconhecido pelo Hall da Fama da Abramark, é o convidado dessa semana a responder nossas cinco perguntas. Confira!
Abramark – Como tem sido a atuação como consultor externo? Sabemos que tem atuado no Conselho da Dotz…
JRM – A participação em conselhos tem uma característica diferenciada importante quando comparamos a uma posição executiva. Esta função exige uma análise mais ampla considerando variáveis externas e internas da companhia e uma visão de “drone” do negócio.
Dotz é uma companhia inovadora e cheia de desafios que, com um time altamente capacitado, executa magistralmente sua função no mercado. Um marketing apurado e estrategicamente muito bem posicionado junto aos seus clientes, entregando um valor de inteligência incrível.
Abramark – O senhor também tem atuado no Conselho da LabelVie, grupo que reúne propriedades do Carrefour no Marrocos, incluindo o Atacadão. Pode contar um pouco sobre esse trabalho especificamente?
JRM – O grupo LabelVie é uma empresa listada em bolsa que atua com franquias do Grupo Carrefour entre outros negócios.
Em 2010, tive a oportunidade de coordenar a primeira franquia internacional do Atacadão, criando e adaptando as necessidades locais ao nosso modelo brasileiro de “atacarejo” com enorme sucesso.
As características do mercado marroquino são, em muitos aspectos, muito semelhantes às do mercado do interior do Brasil. A estrutura de negócios de distribuição de alimentos passa por mercados familiares e pequenos armazéns, muitos deles localizados dentro de uma parte murada das cidades, que são conhecidas como “medinas”.
O grande desafio inicial foi estabelecer o modelo criando um posicionamento estratégico de não competir, mas servir a medina e fazer parte da distribuição.
Na parte “brand”, escolhemos o mesmo nome brasileiro único: Atacadão. Por uma incrível coincidência no árabe local, a leitura do “Äracadã” lembra algo como “compre aqui”, “abasteça-se aqui”!
Esta é uma história longa e bonita. Hoje temos 12 lojas em todo Marrocos, é uma marca conhecida e líder no mercado. Um negócio em expansão do qual sou um entusiasta.
Abramark – O senhor acha que o modelo de atacarejo desenvolvido aqui pode prosperar em outros mercados e países (além do Marrocos), obtendo sucesso e resultados ainda maiores do que já acontece aqui no Brasil?
JRM – O modelo brasileiro foi desenvolvido baseado em uma cultura de custo baixo, simplicidade e em pessoas. Processos são importantes, mas a maneira de executá-los tem características pessoais. Errar é possível, porém jamais duas vezes o mesmo erro, aprendizado é importante. Com as diferenças culturais de diversos países, exige-se uma adaptação aos valores locais e a escolher as lideranças que possam desempenhar com confiança as funções necessárias.
É possível sim, e já temos exemplos de grande sucesso no universo dos países onde o Carrefour está presente. Iniciamos agora um novo projeto na Arábia Saudita que caminha muito bem e será, com certeza, sucesso.
Abramark – Como especialista em varejo, como tem visto o avanço estonteante, com abertura de centenas de lojas sobretudo na capital paulista e Grande São Paulo, da rede mexicana Oxxo?
JRM – Sempre acreditei que existe mercado para toda boa proposta de valor. O desafio é posicionar o negócio com diferenciais competitivos consistentes e manter o foco. O cliente vem e fideliza de acordo com esta percepção de valor, falando do seu encanto (ou decepção) a todo seu círculo de relacionamento, criando um círculo virtuoso.
Com a entrada de novos players no mercado, como o caso mencionado, é sinal de que uma nova proposta de valor ainda não desenvolvida é percebida como oportunidade.
Abramark – Que conselhos ou dicas deixa para estudantes e novos(as) profissionais de marketing ou varejo que desejam prosperar, crescer e deixar um legado?
JRM – Poucas palavras de grande significado:
Entusiasmo
Resiliência
Persistência
Amar o que faz e fazer o que ama
Trabalho duro
Foco
Exemplo (walk the talk!)
#Abramark, #Dotz, #GrupoCarrefour, #Marketing