Luiz Lara: “a publicidade é a indústria que move todas as demais indústrias. Sem propaganda, sem comunicação, não se vende, não se informa, não se entretém”

Um dos mais importantes nomes da publicidade brasileira, Luiz Lara empreendeu e fundou, ao lado de Jaques Lewkowicz, a Lew’Lara, em 1992, após atuar com sucesso no live marketing da Almap e na área pública do turismo.

Com trabalho destacado e multipremiado, Lara, que sempre atuou no planejamento, capitaneou sua agência rumo ao estrelato e ao status de uma das mais importantes do País. Tanto sucesso, culminaram com a negociação de sua empresa, em 2007, para a americana TBWA. Manteve-se no negócio, com seu olhar apurado e liderança, e hoje é o chairman da operação no Brasil.

Paralelamente, Luiz Lara desempenhou importante atuação associativa em diversas entidades ligadas ao setor da propaganda e da comunicação. Atualmente, participa de forma bastante ativa como presidente do Cenp – Fórum de Autorregulamentação do Mercado Publicitário, propondo mudanças e alinhamentos que têm contribuído para o desenvolvimento de novas e melhores horizontes para todo o negócio da publicidade em nosso país.

Por tudo isso e muito mais, Luiz Lara faz parte do Hall da Fama da Abramark, e é o nosso convidado a responder as cinco perguntas dessa semana. Confira!

 Abramark – Fale um pouco sobre o atual momento do Cenp e os desafios que têm enfrentado frente a essa importante entidade.

 LL – Estamos em um momento de transformação, reflexo das mudanças da sociedade como um todo e do próprio mercado, sobretudo regido pela tecnologia, pela multiplicidade de canais e a essencialidade dos dados. Também trabalhamos com a solidificação de um novo pacto de valor para o papel do Cenp, acordado com todas as entidades mantenedoras que dão vida ao Fórum. Esse acordo é mais inclusivo, mais plural, transversal e diversificado. Nos últimos meses, conseguimos, por exemplo, reintegrar IAB e ABA, que representam frentes fundamentais no ecossistema publicitário. No Cenp todos têm voz e poder de decisão. Mudamos nossos estatutos e criamos premissas que sintetizam esses dois movimentos do mercado e do próprio propósito do Cenp. Não faz mais sentido trabalhar com o perfil fiscalizador, temos um mercado maduro que se autorregulamenta. Precisamos, agora, unir forças em prol da sustentabilidade desse negócio, que movimentou mais de R$ 21 bilhões em mídia, em 2022, segundo dados consolidados do Cenp-Meios.

Abramark – Analisando o mercado e os acontecimentos macroeconômicos, como você enxerga 2023 para o negócio da publicidade e da comunicação como um todo no Brasil?

LL – Com otimismo. A perspectiva é positiva e a resposta do mercado financeiro está indo nessa direção. No universo publicitário, vemos um mercado resiliente, que segue investindo. Divulgamos, recentemente, o estudo do Cenp-Meios sobre o primeiro trimestre, e vimos um crescimento de 7,7% nos investimentos em mídia, somando R$ 3,7 bilhões. Sempre reitero que a publicidade é a indústria que move todas as demais indústrias. Sem propaganda, sem comunicação, não se vende, não se informa, não se entretém. Com essa premissa, vemos a essencialidade do nosso negócio.

Abramark – Como chairman de uma das mais emblemáticas agências de publicidade do Brasil, e envolto pelo universo do conceito da “disrupção”, como avalia o ambiente corporativo brasileiro no que diz respeito à inovação? Temos encontrado novos caminhos e possibilidades? 

 LL – Acredito que a essência da inovação é um misto de técnica e ciência com criatividade e percepção do entorno. E dessa fonte que a indústria publicitária se alimenta. E o Brasil tem uma das mais criativas do mundo porque tem essa essência de forma orgânica. Do ponto de vista de negócios e mais macro, precisamos ser mais intencionais como país. A CNI divulgou  ̶  no final de 2022  ̶  uma pesquisa que aponta o Brasil no 54º lugar no Índice Global de Inovação (IGI). No entanto, na publicidade, estamos há décadas entre os três principais mercados do mundo, ao lado dos Estados Unidos e Reino Unido. Ou seja, temos algo que deveria ser também refletido em outros setores. Afinal, inovação é um conceito holístico que envolve muitas frentes, desde as mais óbvias como capital humano e pesquisa até infraestrutura, tecnologia, sofisticação do mercado e poder de consumo. Então, em última análise, de forma mais ampla, temos um caminho longo a percorrer em inovação.

Abramark – Além de suas inúmeras tarefas como líder e pensador do negócio da comunicação no Brasil, entre outras tarefas, sabemos que atua como voluntário, não apenas em entidades relacionadas ao setor, mas em outras voltadas à promoção das artes, cultura etc. Na sua opinião, qual a importância de pessoas em cargos de liderança e destaque, com senioridade, dedicarem seu tempo e experiência em prol de causas que façam a diferença e contribuam de forma definitiva para nossa sociedade? 

 LL – No meu caso, é um compromisso que assumo com prazer, e uma retribuição às oportunidades que tive. Imagino que esse seja o propósito de se envolver em outras frentes, que não  ̶  necessariamente  ̶  seu core business. Sou Conselheiro da OSESP e da Fundação Bienal porque tenho profundo respeito e admiração pela cultura, e essas duas organizações são referências. Desde 1999 sou conselheiro do ICE – Instituto da Cidadania Empresarial  ̶  atuando e investindo na disseminação dos negócios de impacto social no Brasil. Ainda tenho uma parte desse meu lado dedicado à minha atividade como Conselheiro Independente do São Paulo Futebol Clube pela paixão pelo esporte e pelo clube. Ainda atuo e apoio a Fundação Childhood porque a defesa de jovens vulneráveis, o combate ao abuso e a exploração sexual infantil é mais do que uma missão, é condição sine qua non para o que espero do futuro, mais inclusivo e mais igualitário. O mercado publicitário segue ainda como meu alicerce, mas me defino como um generalista que se interessa por uma infinidade de assuntos, mas todos com um propósito claro: crescimento e agenda social/cultural efetiva. Criei a TO BE GOOD, uma consultoria com atuação em advocacy e comunicação, por exemplo, para – justamente  ̶ continuar a trabalhar com propósitos que impactem a sociedade como um todo.

Abramark – Que conselhos ou dicas deixa para estudantes e novos(as) profissionais de publicidade, comunicação ou marketing que desejam prosperar, crescer e deixar um legado? 

LL – Seja curioso. Nunca acredite em respostas prontas. Saia das salas com ar-condicionado e coloque sua barriga no balcão. Procure sempre medir o pulso do consumidor. Leiam, estudem, conectem-se, busquem referências. Costumo dizer que ninguém sai de casa de manhã para ver publicidade, mas ela está implícita em cada coisa que você consome. Somos “seres publicitários”, mas construir uma carreira exige dedicação e muito, muito trabalho.

#Abramark, #Marketing, #Publicidade, #LewLaraTBWA

Pesquisa

Pesquise abaixo conteúdos e matérias dentro da ABRAMARK

Receba notícias em primeira mão

Coloque seu email abaixo

[dinamize-form id="1318"]
Integração
Captcha obrigatório
Seu e-mail foi cadastrado com sucesso!

Somos contra SPAMs e mensagens não autorizadas

Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit, sed do eiusmod tempor incididunt ut labore et dolore