Projeto pioneiro da Natura usa drones com inteligência artificial para mapear e restaurar biodiversidade na Amazônia

Em parceria com a startup Bioverse e comunidades amazônidas, a companhia realizou o maior inventário florestal já feito por sobrevoo de drones. Mapeamento de espécies, 200 vezes mais rápido, identifica áreas degradadas para recuperação florestal.

 

A Natura, em parceria com a startup brasileira Bioverse e comunidades da sua cadeia de sociobiodiversidade na Amazônia, conduziu o maior inventário florestal já feito no Brasil utilizando drones com inteligência artificial. O estudo mapeou e coletou em seis meses dados de 60 mil hectares de floresta no Pará, área que equivale a aproximadamente 100 mil campos de futebol. Pelos métodos convencionais, um inventário nessa área levaria mais de duas décadas.

O objetivo do estudo é ampliar as cadeias produtivas da Natura na Amazônia, onde a companhia atua há 25 anos por meio da bioeconomia, e coletar dados-chave para projetos de conservação e recuperação florestal, como mensuração de estoques de carbono, saudabilidade das espécies, além de potenciais produtivo e econômico da floresta conservada. O trabalho é feito em parceria com cerca de 70 famílias das comunidades dos municípios de Abaetetuba e Irituia. Dessas, algumas pessoas são contratadas e recebem treinamentos para instalar e operar os equipamentos de sensoriamento remoto, assim como para o uso de softwares que fazem o cruzamento dos dados coletados sobre as espécies com as imagens capturadas pelos drones.

“A Natura tem como meta ser uma empresa regenerativa até 2050, com impactos positivos para as pessoas, a natureza e a sociedade. Projetos como esse promovem um impacto ambiental, mas também social, a partir do momento em que são capacitadas as comunidades locais com inovação e tecnologia para que possam fazer uso sustentável dos recursos da Amazônia e prosperarem em seus negócios”, afirma Rômulo Zamberlan, diretor de pesquisa avançada da Natura.

O inventário florestal impacta no desenvolvimento e na manutenção das cadeias produtivas em longo prazo, como de tucumã e açaí, que originam bioingredientes presentes em linhas como Natura Ekos. Isto porque a tecnologia permite um plano de manejo mais detalhado para cada espécie utilizada nos produtos, e garante à Natura a melhor forma de extrair insumos da biodiversidade na Amazônia, visando conservação ambiental e ganhos socioeconômicos para as cooperativas da região.

O projeto ocorre em um momento-chave para a região, que será a anfitriã da COP 30, em novembro deste ano, em Belém. “Com todos os olhos voltados para a Amazônia, será muito importante mostrar que, com tecnologia, inovação e valorização do conhecimento tradicional, podemos aliar prosperidade econômica e conservação”, complementa Rômulo.

Desde 2000, com o lançamento da linha Natura Ekos, a companhia estabeleceu na região um modelo de negócio baseado na bioeconomia que já desenvolveu 44 bioingredientes, com meta de expansão para 49 nos próximos dois anos. O manejo dos bioativos é feito de maneira sustentável, em parceria com 44 comunidades amazônidas, que somam mais de 10 mil famílias agroextrativistas. Junto da Natura, contribuem para conservar 2,2 milhões de hectares de floresta – a meta é ampliar a área para 3 milhões até 2030. As ambições públicas da Natura incluem o compromisso de aumentar para 30% os ingredientes-chave provenientes de comunidades e pequenos agricultores, com ênfase na regeneração.

Como funciona a tecnologia

Para realizar o inventário florestal conduzido pela Natura no Pará, a Bioverse criou uma tecnologia própria de monitoramento por drones, adquiridos da fabricante nacional Xmobots. O desenvolvimento dessa plataforma, que também contou com o apoio do Governo Federal por meio do FINEP, enfrentou desafios regulatórios para atender às exigências do espaço aéreo brasileiro e contou com o envolvimento direto das comunidades locais na implementação da solução tecnológica.

Segundo o diretor-executivo da Bioverse, Francisco D’Elia, a plataforma de aerolevantamento utiliza inteligência artificial treinada especificamente para reconhecer espécies amazônicas de interesse econômico e ecológico, além de classificar diferentes usos da terra. Para alcançar esse nível de precisão, foram analisadas milhares de imagens captadas durante sobrevoos realizados pela empresa em diferentes regiões da Amazônia. “O resultado é um sistema capaz de realizar levantamentos com resolução até dez vezes superior à disponível em imagens de satélites comerciais tradicionais, porém com um custo operacional reduzido”, afirma.

Além do uso dos drones da Xmobots e de uma plataforma desenvolvida pela Bioverse, de processamento das imagens e extração dos dados relevantes que envolvem tecnologia de ponta em geoprocessamento e IA. A startup criou ferramentas digitais acessíveis por dispositivos móveis voltadas especialmente para extrativistas e cooperativas locais. A ideia é dar às comunidades amazônicas acesso direto e simples aos dados coletados, facilitando o planejamento da produção agroflorestal e o gerenciamento mais preciso das áreas produtivas. Ainda de acordo com Francisco, a medida abre caminho para que produtores regionais se insiram também em iniciativas como projetos de créditos de carbono.

O diretor ainda afirma que o desenvolvimento tecnológico apresentado no projeto tem potencial para estruturar uma nova dinâmica produtiva na Amazônia, ampliando a escala de práticas regenerativas. “Temos um compromisso claro: revolucionar a matriz produtiva agroflorestal da região. A parceria com a Natura está provando que é possível estruturar a bioeconomia em larga escala na floresta, conciliando conservação e desenvolvimento sustentável”, finaliza.

 

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