Segundo especialistas, dólar pode fechar abaixo de R$ 5 nos próximos dias
Após o pico da taxa de câmbio chegar a R$ 5,80 em março, ficar em R$ 5,40 em abril e fechar o mês de maio em R$ 5,22, o dólar teve uma queda ainda maior ao longo dos primeiros dias de junho, aumentando a expectativa de especialistas em alcançar a marca de R$ 5.
A valorização do real tem sido acontecido por uma série de fatores externos mais favoráveis, como a abundância de recursos no mercado internacional e o aumento de exportações brasileiras, puxada pela retomada da economia mundial e alta dos preços das commodities (produtos básicos) agrícolas e metálicas.
No ambiente interno, a alta da taxa básica de juros (a Selic) também favorece a entrada de dólares no país, com a busca dos investidores por ganho mais elevado. O clima das últimas semanas é também de maior otimismo, com o crescimento da economia brasileira, melhora da arrecadação do governo e perspectiva de a dívida pública fechar em patamar mais baixo do que o previsto, apesar de o risco fiscal do país ainda não ter saído do radar.
Por que houve a queda do dólar?
Segundo o professor da Universidade Federal do ABC, Fábio Terra, em nota para a CNN Brasil, que as condições internas do Brasil têm pouco efeito nesse movimento de queda do dólar. Ele avalia que o dólar está cedendo por conta do ciclo de liquidez internacional, que melhorou bastante há um mês, depois que investidores e empresários assimilaram melhor o plano econômico do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. “O mundo entra num cenário um pouco mais calmo e isso favorece o Brasil, porque os investidores estão menos avessos ao risco”, diz.
Terra aponta outro fator que está favorecendo o cenário atual: os exportadores, que estavam deixando lá fora as receitas obtidas das suas vendas, começaram a trazer os dólares para o país. “Os exportadores estão aproveitando para voltar com o dinheiro enquanto o dólar ainda está valorizado. Para eles, é importante voltar num momento de dólar mais alto”, afirma. Ainda há margem para uma queda maior na direção do câmbio de equilíbrio entre R$ 4,50 e R$ 4,60. O gatilho para esse movimento vai depender de como vierem os dados da economia americana e da decisão do Banco Central dos Estados Unidos (Federal Reserve, o Fed) sobre os juros.