Câmeras de segurança são recursos que visam aumentar a sensação de proteção das pessoas, que se resguardam de qualquer possível perigo por meio de imagens. No entanto são, também, utilizadas para o monitoramento discriminatório de pessoas negras, que são julgadas e postas “na mira” simplesmente devido a sua cor.
Diante deste cenário, e como forma de colaborar no combate à vigilância racista, colocando “na mira” o talento e a inspiração da comunidade negra, os MCs Kekel e Davi lançam a música e o clipe “Pretos na Mira”, um manifesto artístico, produzido pelo Instituto KondZilla e gravadora GR6, em parceria com o Instituto Identidades do Brasil (ID_BR) e agência Artplan, e baseado na ideia original de Ary Nogueira e Rafael Pascarella. Objetivo é denunciar a vigilância racista e enaltecer a potência e o talento da comunidade negra
O projeto “Pretos na Mira” tem o desafio de denunciar e inspirar mudanças na sociedade a fim de combater o racismo. Ele surge em meio a um alarmante contexto nacional racista. Segundo dados do 16º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgados em junho de 2022, entre as mortes violentas intencionais – categoria que reúne homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e mortes por intervenção polícia – 78% foram de pessoas negras contra 21,7% de pessoas brancas.
A canção composta especialmente para o movimento “Pretos na Mira” e cujo lançamento aconteceu nessa terça, 21, no Dia Internacional contra a Discriminação Racial, possui uma letra de impacto e reflexão. Por meio de trechos como “(…) e o ouro do meu corpo quero que perceba (…)” o projeto visa combater a vigilância racista ocorrida em estabelecimentos públicos e privados do Brasil. A faixa, já disponível nas principais plataformas de música, marca a primeira ação do movimento que por meio de conteúdos e ações de conscientização pretende denunciar essa prática de racismo, debater soluções e colocar os pretos na mira de sua história próspera.
Outros trechos, como “(…) os preto chique da quebrada, inspiração pra molecada que vê nóis sempre de Lacoste, dentro da Porsche” ilustram, igualmente, que não é preciso apenas letrar a sociedade e denunciar as dores da população preta, ocasionadas pelo racismo. Mesmo frente aos recorrentes casos de vigilância transformados em perseguição e violência, a palavra “mira”, inserida no título do projeto, não simboliza apenas opressão, mas, também, a exaltação à história, ao talento, ao livre arbítrio e do direito de ir e vir de corpos negros. O single leva a assinatura de Maestro Pereira Dj, produtor que acumula milhares de ouvintes mensais no Spotify.
“O projeto ‘Pretos na Mira’ tem o intuito de contribuir com este manifesto artístico, através da música, da letra, do videoclipe e das redes sociais, promovendo uma reflexão na sociedade sobre este assunto tão delicado e recorrente no nosso dia a dia. Com a união do talento destes grandes artistas – Mc Davi e Mc Kekel — e força da GR6, do Instituto KondZilla, ID_BR e Artplan, buscaremos maior visibilidade para estas questões sociais, para as comunidades periféricas e para as pessoas que sofrem situações e atos de racismo”, comenta Rodrigo Oliveira, Presidente da GR6, uma das maiores produtoras da América Latina, atualmente o 2º maior canal de Funk do mundo e o 6º maior canal do Youtube no Brasil.
Do mesmo modo, o clipe da faixa destaca a dupla missão do manifesto. Enquanto no primeiro momento da música os negros são vistos como suspeitos em todas as situações, no segundo – quando a canção fala que a vigilância muda com o dinheiro -, os cantores entram em cena, ostentando e sendo admirados por meio das mesmas câmeras, que os julgavam.
A criação e desenvolvimento da iniciativa também contou com consultoria do Comitê de Diversidade do Grupo Dreamers, do qual a Artplan faz parte. Para impulsionar o lançamento do clipe da faixa, haverá uma série de ativações nas redes sociais dos próprios cantores MC Kekel e MC Davi. Além de ter awareness com personalidades que já passaram por esse recorte de racismo e a criação de uma hashtag #PretosNaMira que vai dar visibilidade para os relatos e casos que ainda estão por vir.
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