Malu Antonio, sobre marketing: “Na verdade, esse trabalho tem a ver com pessoas e trocas”

Profissional aclamada pelo trabalho exemplar na Tim e à frente do marketing do Grupo FCA — hoje Stellantis —, Maria Lúcia Antonio, ou simplesmente Malu Antonio, teve uma trajetória bastante peculiar antes de ingressar na comunicação e no marketing.

Mineira e de origem humilde, Malu sempre imprimiu muita personalidade, cuidado e humanidade em tudo que faz. Com mais de 20 anos de atuação específica na área, mergulhou nos estudos da inclusão e atua com foco e atenção crescentes no tema.

Integrante do Hall da Fama da Abramark, Malu respondeu às nossas cinco perguntas dessa semana. Confira!

Abramark – Você passou por profissões e cargos muito diferentes antes de mostrar seu talento no marketing. De que forma acha que suas experiências anteriores como vendedora, professora e funcionária pública ajudaram no seu desenvolvimento enquanto profissional de comunicação e marketing?

MA – Eu gosto de gente. Comunicação e marketing têm a ver com gente, com trocas e com inspiração. Isto não quer dizer que trabalhar com vendas, dar aulas ou atuar no serviço público não tenha. Na verdade, esse trabalho tem a ver com pessoas e trocas. De alguma forma tudo que fiz até chegar na comunicação me ajuda a ter um olhar realmente interessado: quem são estas pessoas? O que elas sentem? Do que precisam? Este jeito de ver, ouvir e lidar com as pessoas, que aprendi em casa, talvez seja um dos pilares de minha vida profissional.

Abramark – Sabemos que você tem mergulhado fundo no estudo e desenvolvimento de propostas e práticas de inclusão e diversidade. Como o grupo Stellantis, de forma geral, está em relação a isso?

MA – Sim. É verdade. Já estou quase terminando a primeira turma de Diversidade e Inclusão nas organizações na PUC Minas. Realmente é estarrecedor como temos uma sociedade e cultura não pautadas em diversidade, equidade e inclusão. A começar por falta de dados. Se não tem dado, não tem política, não tem ação e nada muda. Além do “Diversity Wash” que, além de tudo, nos envergonha como sociedade.

Temos quase 56% da população brasileira preta ou parda, dos quais apenas 4,7% estão em cargos executivos; 61% da população LGBTIA+ não falam sobre sua condição no trabalho por medo, para dar dois exemplos. Não estamos falando aqui do recorte de gênero e nem da interseccionalidade — por exemplo, a questão das mulheres negras, quando as oportunidades diminuem ainda mais.

A Stellantis tem um projeto robusto de enfrentamento desta questão; sabemos que não é fácil: esta situação é estrutural e estruturante — vem de longo tempo e de alguma forma se perpetua através dos nossos vieses inconscientes, que se transformam em estereótipos; preconceitos e estigmas, que, por sua vez, terminam em segregação e discriminação.

Eu destacaria, aqui, o programa de promoção de equidade de gênero — a indústria é muito masculina e um projeto de preparação de mulheres para a liderança tem sido muito interessante.

Abramark – Acha que, aqui em nosso país, as empresas estão avançando neste tema no ritmo que deveriam?

MA – Acho que as empresas, de um modo geral, estão atentas à esta questão, mas não no ritmo ou profundidade necessários. O que é de fato lamentável, já que empresas diversas são mais interessantes e podem ser mais eficientes e rentáveis.

Abramark – Como o grupo enxerga e avalia o eventual desinteresse dos mais jovens — e, quem sabe, das próximas gerações — aos veículos? Como criar estímulos e apelos junto a públicos que, supostamente, têm menos interesse e engajamento com seus produtos.

MA – Sem dúvida as novas gerações têm relações em transformação com quase tudo. Entender como eles se expressam, o que esperam e como se relacionam é fundamental para que as empresas possam atender e surpreender estas pessoas. Sempre tem a ver com as pessoas.

Eu, pessoalmente, acredito que, ainda que a relação se modifique, carro ainda é muito desejado e aspiracional.

Abramark – Que conselhos ou dicas deixa para os estudantes e novos profissionais de marketing e comunicação para que consigam prosperar e crescer no mercado?

MA – Ler, ler, ver filmes, ler; ir a museus, ler; ir a shows; ler; viajar, ler, conversar com pessoas diferentes; com vidas, origens e perspectivas diversas; ler! Ler clássicos, ler revistas, ler sobre moda, arte, cultura pop e outros. Construir repertório, referências — isso faz a gente ser mais aberto, empático e criativo.

Os livros me salvaram — o primeiro livro comprado em minha casa, foi para mim. Oriunda de uma família super-humilde, os livros me levaram para outros lugares, mágicos, complexos, tristes e, claro, inimagináveis — e isto me trouxe até aqui.

Leia mais: Malu Antonio traz sua visão sobre o marketing e a inclusão da mulher no mercado de trabalho

#Abramark, #Marketing

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