Uma edificação, quando concebida na cabeça e no coração de um arquiteto, coadjuvado com projetistas e engenheiros, tem um sentido, alma, propósito, desígnio.
Em síntese, é, em si, única.
Décadas depois, levando-se em consideração as razões e motivos que determinaram sua concepção, pode se proceder a uma releitura e readequá-la a utilizações mais contemporâneas e relevantes.
De 10 anos para cá, mais especificamente neste início de pós-pandemia, empresas do negócio de imóveis decidiram apossar-se do termo retrofit, para justificarem tentativas lancinantes de ressuscitarem edificações que perderam a razão de ser.
Muito especialmente edificações corporativas, e outras destinadas a prestação dos serviços de hotelaria. Neste momento tenta-se a ressuscitação de centenas de prédios no Brasil.
De escritórios, de apartamentos, e também de hotéis que ficaram pelo caminho.
Num final de semana, O GLOBO fez uma grande matéria em seu caderno de economia falando de “UM NOVO JEITO DE SE HOSPEDAR” – com mais comodidades e custo menor.
E no corpo da matéria, uma sucessão de exemplos de tentativas de ressuscitação.
Que passam pelo denominado retrofit – de verdade não é – dos Hotéis Glória e Everest, das facilidades que as prefeituras vêm concedendo para evitar uma avalanche de prédios abandonados, de projetos e mudanças na legislação para facilitar essa tentativa de salvação imobiliária, e muito mais.
Mas o que sustenta todo esse raciocínio é o argumento que essas edificações regeneradas se viabilizam, em termos de negócios, sendo comercializadas para diferentes proprietários.
Poucos para uso próprio, e a grande maioria como renda.
Os empreendedores dessas intervenções alegam que conseguem oferecer, de um lado, hospedagem por um valor menor, e no final do mês, uma renda maior para os investidores.
São raciocínios e argumentos que funcionam maravilhosamente nas falas e nos ensaios no papel, mas que a prática tem revelado, no correr de décadas, e em situações semelhantes, um concentrado de brigas na Justiça, e prejuízos monumentais a investidores.
Em empreendimentos semelhantes, na forma, milhares de investidores em flats na cidade de São Paulo, que tudo o que queriam era uma renda, passaram anos tendo que, ao invés de receber alguma renda, pagando pelas despesas condominiais – muito especialmente as despesas decorrentes de um condomínio de baixa utilização, mais impostos.
Acreditamos em retrofits de verdade. Em edificações que transpirem alma e propósito, e mereçam, pelo apreço que construíram, passar por uma atualização.
Mas como essência de um novo e “poderoso negócio”, pela declaração de seus empresários, 99% de certeza de prejuízos e fracassos monumentais.
De qualquer maneira, e como nos ensina a vida, “cada um sabe onde amarra seu burro”. Ao invés de ressuscitação, aditivos e placebos inócuos incapazes de trazer de volta à vida o que quer que seja.
Apenas produzir espasmos de curta duração e grandes prejuízos.
———————–
Esse conteúdo é parte da síntese mensal das principais movimentações, acontecimentos, registros no ambiente de negócios no Brasil e no mundo. Um trabalho de pesquisa, coleta de dados, análises e reflexões da equipe de consultores do MadiaMundoMarketing, a única empresa de consultoria em todo o mundo que tem em seu DNA a ideologia da Administração Moderna, o Marketing. Sempre sob a orientação e mentoria do maior dos mestres da gestão e dos negócios, PETER FERDINAND DRUCKER.