A Fundação Telefônica Vivo acaba de lançar o relatório Sociedade Digital na América Latina 2020-2021, que analisa a transformação digital na região. O trabalho leva em consideração aspectos como o desenvolvimento da infraestrutura de telecomunicações e as políticas necessárias para garantir sua implantação, assim como a importância da tecnologia para dinamizar a economia, além de questões relacionadas à educação digital, mudanças no mercado de trabalho, lacunas digitais, e a necessidade de um marco regulatório que favoreça a igualdade de oportunidades para os agentes envolvidos no ecossistema digital. A iniciativa já existe há mais de 20 anos na Espanha, liderada pela Fundação Telefónica (global) e, pela primeira vez, é publicada com recorte América Latina, com o desafio de refletir a diversidade que caracteriza a região.
O relatório analisa a situação global do continente, seus desafios e suas oportunidades comuns e apresenta a evolução da sociedade digital de cada país e traça a imagem inicial de um subcontinente que, por um lado, sofreu de forma particularmente intensa os efeitos da pandemia de Covid-19 e, por outro, sentiu a necessidade de aprofundar seu processo de digitalização. O estudo completo já está disponível gratuitamente, em português, no Acervo do site da Fundação Telefônica Vivo, que traz a publicação ao país, em linha com sua atuação há 23 anos no Brasil.
Uma lição que se pode tirar desta fase é que uma sociedade digitalizada é muito mais resiliente em situações de crise. E no caso de países emergentes, como os da América Latina, a transformação digital representa uma oportunidade de remodelar a economia. No entanto, a digitalização também lança desafios e levanta debates relacionados à desinformação e à proteção dos direitos humanos. Precisamos garantir o uso ético da tecnologia dentro de uma estrutura de valores humanistas, protegendo a privacidade e os direitos digitais, a fim de garantir o sucesso de uma transição que não deixe ninguém para trás.
Além disso, um dos maiores desafios que enfrentamos, e que descreve o relatório, é a desigualdade social, que pode ser agravada em grupos com acesso limitado à conectividade e à tecnologia. Para superar esse problema, é fundamental reforçar as competências digitais da população. Demonstrou-se que as competências e habilidades associadas às novas tecnologias constituem poderoso fator de inclusão social e tornaram-se necessárias em todas as áreas da vida: para estudar e trabalhar, para se relacionar com a administração pública ou para aproveitar o lazer.
Os países latino-americanos, há muito tempo, sabem quais são as vantagens do uso da tecnologia nos processos de ensino e desenvolveram inúmeras políticas para a expansão das tecnologias digitais no setor educacional. Apesar de todos esses esforços, ainda existem vários obstáculos para que os alunos latino-americanos se beneficiem plenamente das vantagens que a educação digital proporciona. De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), embora a falta de conectividade seja uma das principais barreiras, existem outras, como a falta de habilidades e competências digitais ou dificuldades relacionadas à segurança e acessibilidade.
Convicta de que a educação é a principal alavanca para combater a exclusão social, a Fundação Telefónica trabalha continuamente no estímulo à formação digital e à empregabilidade na América Latina, especialmente entre os setores mais desfavorecidos. O desenvolvimento de competências é uma necessidade urgente também no Brasil e que a Fundação Telefônica Vivo atua fortemente, apoiando a digitalização da educação pública, com foco tanto nos educadores quantos nos estudantes. Integrante de movimentos e coalizações sociais que discutem estratégias e agendas para implementação de uma educação mais digital, a Fundação oferece cursos à distância e gratuitos de formação continuada para qualificar educadores a desenvolverem práticas pedagógicas inovadoras, além de recursos qualificados de aprendizagem. Por meio de cursos de formação online, alinhados à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), impactou mais 58 mil educadores em 2021.
A transformação digital exige cada vez mais que crianças e adolescentes estejam aptos a utilizar elementos da tecnologia de maneira crítica e a favor da sociedade, tendo a compreensão de todas as suas potencialidades e impacto, o que torna o ambiente escolar um aliado para o desenvolvimento de competências digitais nos estudantes. Por isso, a Fundação promove também itinerários formativos, como o de Ciência de Dados que está presente em escolas regulares, técnicas e centros de educação profissional, apoiando assim a implementação do Novo Ensino Médio.
A crise provocada pela pandemia de COVID-19 e a consequente limitação de treinamentos presenciais evidenciam a importância que a internet e as tecnologias de comunicação ganham como meios para garantir a continuidade do processo de ensino e aprendizagem. Os países da América Latina devem fazer um esforço maior para eliminar as lacunas digitais entre os alunos e garantir a conectividade e o desenvolvimento de habilidades e competências. “O modelo de educação do país não é digital e a pandemia nos evidenciou isso de forma ainda mais clara. Nesse contexto, a transformação digital que acreditamos exige que o ambiente escolar seja peça fundamental no desenvolvimento de competências de crianças e adolescentes”, explica Americo Mattar, diretor-presidente da Fundação Telefônica Vivo. “Não há dúvidas da relevância da conexão mas, enquanto as políticas públicas focarem apenas na infraestrutura de internet em vez do desenvolvimento de competências digitais e novas práticas pedagógicas, não estaremos preparando os jovens para as exigências da sociedade”, conclui.
Quanto trata-se de futuro, o relatório destaca que a inteligência artificial continuará se desenvolvendo, que as máquinas aprenderão cada vez melhor e que a automação dos processos industriais modificará radicalmente o mercado de trabalho. A principal questão é como fazer com que essa transformação ajude a melhorar a vida das pessoas na América Latina e como agir para tornar a digitalização inclusiva, justa e sustentável. Isso exigirá o compromisso das instituições sociais, econômicas e democráticas, bem como uma colaboração mais intensa entre os setores público e privado.
Entre todas as conclusões do relatório Sociedade Digital Latam, a que melhor resume a situação global é, sem dúvida, que “a recuperação da crise provocada pela pandemia de COVID-19 será digital”. Na América Latina, segundo o BID, um aumento médio de 10% na penetração de banda larga nos países da região pode causar um aumento de 3,19% do produto interno bruto e de 2,61% da produtividade, o que contribuiria para a criação de 67 mil empregos diretos. A Agenda Digital para a América Latina e o Caribe (eLAC) é uma estratégia voltada para 2022 que propõe o uso de tecnologias digitais como instrumentos de desenvolvimento sustentável. Um de seus objetivos é incentivar a governança digital na região. Além da necessidade de investimento em infraestruturas e sistemas, um dos grandes obstáculos para o desenvolvimento da governança digital na América Latina é a falta de formação digital do capital humano. Vale destacar também que , de todos os segmentos do tecido empresarial, as micro, pequenas e médias empresas (MPME) são as empresas menos desenvolvidas em digitalização. Esse é um processo fundamental que melhora sua posição competitiva.
A publicação mostra, ainda, que a promoção da sociedade digital no Brasil vem sendo liderada pela iniciativa privada, que tem feito um enorme esforço para promover a conectividade em todo o país. Diversos programas públicos complementam a ação das operadoras de telecomunicações como Wi-Fi Brasil, Digitalizar Brasil, Computadores para Inclusão, Norte Conectado, Estratégia Brasileira para Redes 5G, Cidades Digitais, Estratégia de Governança Digital 2018-2022, entre outros. Iniciativas públicas como o Bolsa Conexão (Lei 14.172/2021), o Programa Internet Brasil (MP 1.077/2021) e o Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações – FUST (Lei 14.109/2020), ainda focam na conectividade e na disponibilidade de infraestrutura e equipamentos para escolas públicas. São esforços importantes, especialmente diante da exigência dos editais do 5G de estender a conexão à internet de alta velocidade a todas essas unidades de ensino até 2024.
Acesse o relatório completo aqui.
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